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Direita e esquerda

 

É sabido que existem na França duas correntes históricas, a dos Anais e da Action Française. Para primeira, a Revolução Francesa já encerrou seu ciclo; para a segunda, ainda não encerrou. Admirador que fui de Charles Mauras e Leon Daudet, concordei com suas teses, que me pareciam e que ainda parecem vivas, não obstante o pensamento em contrário de letrados eruditos na história da França.


Mas se considerarmos os conceitos de esquerda e direita, daremos razão aos paladinos e polemistas da doutrina, que teve notórios e importantes adeptos até a Segunda Grande Guerra. Como respondeu ao repórter das páginas amarelas de Veja o historiador Tony Judt, são cada vez mais sentidos quando se discutem políticas.


Por essa resposta constata-se que os movimentos políticos com bandeira de direita e esquerda estão atrasados, pois para eles a Revolução Francesa ainda não acabou, por ter vindo de lá a divisão direita e esquerda, que causou tantos mártires, tantas mortes, tantos equívocos, tantas prisões, tantas perseguições, tantas inimizades, tantos erros, tantas negações, que nos assoberbam pela repercussão nos dias atormentados que estamos vivendo.


O que observamos num mundo político é exatamente este atraso, muito embora na realidade a esquerda e a direita na esfera política freqüentemente se confundem e posições a serem tomadas poderiam ser assinadas pela direita e vice-versa. Felizmente, no Brasil direita e esquerda são conceitos superados por inanição e ninguém daria o peito às balas para defendê-los.


É o que eu tenho a dizer sobre estas posições, que tanto mal causaram à humanidade até recentemente. Com isso, esse prolongamento da Revolução Francesa se encerra.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 23/03/2006

Diário do Comércio (São Paulo), 23/03/2006