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Deserto de nomes

 

Sou ignorante, entre outras coisas, da política e economia. Apesar disso, a crise atual está tão escancarada que até um Aedes aegypti perceberia. Além dos problemas atuais que envolvem corrupção e falta de rumo do governo, já estamos em arranjos preliminares para a próxima eleição presidencial.

Não precisamos verificar a pobreza (ou a ausência) de personagens que podem criar uma perspectiva mais digna e eficiente. É voltar àquela frase de Oswaldo Aranha que já citei em crônica recente: "O Brasil é um deserto de homens e ideias".

Temos alguns políticos mais afoitos que procuram um lugar no grid da próxima eleição. Um deles teve a sensibilidade de informar que não teria mais idade para assumir a responsabilidade de governar o país que já governou duas vezes. Louvo-lhe a sinceridade e a lucidez. Fernando Henrique Cardoso mereceu oito anos de críticas que lhe fiz, mas nos oito anos em que governou, entre acertos e desacertos, seria um nome a se pensar.

Lula, que é o candidato a candidato mais operoso e evidente, apesar dos seus méritos nos oito anos em que governou o país, está hoje no saco de gatos da corrupção, podendo até mesmo fazer companhia a seus companheiros do PT que estão na prisão. O fato de dois candidatos potenciais já terem governado o país revela a indigência da nossa classe política.

De Dilma nem se pode levar em conta, pois já está no segundo mandato e, até certo ponto, é a principal responsável pelo caos que estamos atravessando. Acho difícil que surjam outros nomes que possam entusiasmar o eleitorado e dar um fim decente aos nossos problemas que na realidade são todos indecentes.

Desde que não seja eu o escolhido, hipótese desvairada e desastrosa para o país, torço para que apareça um salvador que nada deva à Justiça do Brasil. 

Folha de São Paulo (RJ), 14/02/2016