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As crises políticas

 

As crises políticas que têm marcado nossa história são brasa dormida para queimar, como marcam a história na maioria dos países. É próprio do homem conviver com crises e delas tirar lições de conduta.


A crise política que se abateu sobre o Brasil nos últimos tempos vai deixar vestígios, cicatrizes, mágoas e desesperança, mas não há o que fazer para minorar esses torpedos que desabam sobre as instituições. A crise política, que não está encerrada e não sabemos como se encerrará, foi para o povo brasileiro um tremendo golpe aplicado pela inorganicidade em que se encontra o Estado brasileiro. A reforma política, de que tanto se falou, seria necessária e é necessária, mas como já dissemos em editoriais anteriores, não a vemos realizada.


Falta às nossa elites políticas o conhecimento profundo da ciência política e dos usos e costumes brasileiros já vastamente estudados.


Seriam as referências de um plano mais vasto de que tem necessidade a nação brasileira para reformar a sua estrutura política e dar um conteúdo doutrinário e compatível com a formação e a evolução do povo brasileiro, desde que ouvidos os grandes estudiosos da nossa realidade.


É lugar-comum dizer-se que o Brasil é uma grande nação. É, sem dúvida, mas lhe falta muito para ser ainda uma potência média com vocação para grande potência. Há muito de improvisação no funcionamento das instituições políticas, representativas do desmazelo de sucessivos governos, eleitoralismo, burocracia aviltante e falta de institutos básicos para a administração ser exercida com plenas vistas para o interesse nacional.


Esta é uma síntese do que pensamos e do que o Brasil necessita para uma reforma política, que faça refluírem as crises quando se manifestarem e macularem a vocação de grandeza da pátria brasileira.




Diário do Comércio (São Paulo) 19/10/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 19/10/2005