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Caetano perdido no Brasil de Lula

 

Até onde convive com a democracia o excesso da popularidade presidencial? O exemplo de Lula ao reforçar o seu ineditismo é o de que só avança na provação política o presidente que renunciou a toda a veleidade de um terceiro mandato, e chega a esses dados únicos de aprovação em fins de seu segundo governo.


Não há que repetir como os países lá fora, a partir do próprio Obama, mostrem o nosso capital de respeito internacional. É o roldão que acossa o status quo nacional, enraizado na oposição proverbial que parece, de vez, perder o pé entre nós. Ou fecha-se a todos os “olhos de ver” e explode em despautérios melancólicos, como vem de fazer o atarantado Caetano Veloso, chamando Lula de analfabeto e cafajeste.

 

E frase de quem fala de seu quintal bem instalado, e insulta o presidente que mudou a escala da prosperidade brasileira. Trouxe a população de uma Colômbia para a nossa economia de mercado e se vê reconhecido por todos os grupos e segmentos da nova mobilidade nacional. A grosseria nada tem a ver com sentimentos de classe média, que hoje já responde por 56% da nossa população.


O novo e inédito comando de Lula não é o de um carisma clássico, em que uma coletividade delega a um fuehrer, ou a um chefe da hora, o exercício ou forra de sua expectativa coletiva. O “Lula lá’ é a do povo todo que chegou ao Planalto, e que hoje na sua solidariedade independe de partido, de poderes corporativos sindicais e desarma todos os cálculos de um ganha e perde do rondó politico tucano.


A palavra diária do presidente, que não ensina, nem presa, mas tem o dom da consonância com o que o povo quer ouvir, não como consolo, mas o passo a passo — e o PAC o assegura — deste Brasil que se sabe no poder, e o frui. Há, sim, um tom de repente no que ouvimos todo dia, mas é também o de uma reflexão em marcha, que criou este coloquial único de entendimento que nada tem mais a ver com a fala “bem” do país dos hierarcas. O novo é muitas vezes o óbvio, sim. Mas esse que se reautentica tão só por quem pode dizê-lo.

 

O país que vai às urnas em 2010 tem na sua cabeça novas e legítimas razões de apoio ao governo que descartou por inteiro o que diga o palanque das oposições vociferando contra os ditos analfabetos e cafajestes. O nouveau richismo verbal de Caetano só mostra como se perdeu no Brasil de Lula, este que sabe para onde não quer voltar, e de como vai adiante, nas certezas do país da mudança e não do vedetismo deslumbrado.


Jornal do Brasil, 25/11/2009

Jornal do Brasil,, 25/11/2009