
Tempo presente
[2]Estou, ultimamente, certo de que um fenômeno está surgindo no mundo atual: a compressão do tempo. Ele está cada vez mais chato e achatado.
Estou, ultimamente, certo de que um fenômeno está surgindo no mundo atual: a compressão do tempo. Ele está cada vez mais chato e achatado.
Parece que dessa vez sai a tal Comissão da Verdade. Sua constituição deverá provocar alguma polêmica, mas sua necessidade é evidente. Afinal, durante muitos anos, sobretudo entre 1964 e 1985, passamos por um túnel sinistro no qual muitos foram massacrados ou perseguidos. Deve haver em algum lugar dos ministérios militares e das polícias estaduais e municipais um vasto acervo de crimes do Estado contra os cidadãos.
A tese de que é preciso gastar cada vez mais no social, ainda que isso tenha um custo alto, como a criação de novo imposto para substituir a CPMF, aumentando ainda mais a carga tributária, porque provocaria o desenvolvimento, está em vigor muito antes deste governo.
Estou em Berlim, chegado de Viena, onde passei cinco dias praticamente sem falar em política, porque o evento a que compareci foi o 9.º Congresso Alemão de Lusitanistas, realizado pelo Instituto de Filologia Românica da Universidade de Viena e pela Associação Alemã de Lusitanistas. Minha participação principal foi uma sessão em que fizemos leituras bilíngues de textos meus, seguidas por uma animada conversa com uma plateia muito simpática.
Da mais recente tentativa de negociação para aproximar os dois sistemas ortográficos vigentes no Brasil e em Portugal resultaram duas propostas, uma em 1986, no Rio, e outra em 1990, em Lisboa. A primeira caracterizava-se por alterações mais avançadas, em que o negociador brasileiro, o acadêmico Antônio Houaiss, trazia à mesa algumas antigas posições simplificadoras do seu mestre Antenor Nascentes. O texto daí resultante mereceu críticas severas, sobretudo de Portugal, porque, fundamentalmente, se desviara do propósito motivador da reunião que, como sabemos, seria diminuir as diferenças. Na segunda reunião, em Lisboa, com o linguista João Malaca Casteleiro como o principal negociador da equipe portuguesa, prevaleceu, como vimos aqui, franca aproximação com as Bases do Acordo de 1945. Compreende a inteligência e a sensibilidade diplomática de Antônio Houaiss que assim o texto daí resultante poderia alcançar maior receptividade entre os países signatários, Portugal à frente, de modo que, enfim, a língua portuguesa lograsse atingir, neste aspecto, à maturidade cultural e política como veículo de difusão internacional. Nesta aproximação com o texto de 1946, nós brasileiros passaríamos a adotar pequenas alterações de acentuação tônica (não mais usaríamos acento agudo nos paroxítonos com os ditongos abertos éi e ói: ideia, jiboia; bem como não marcaríamos o "i" e "u" tônicos depois de ditongo decrescente: maoista, cauila, feiura, baiuca); passaríamos definitivamente a escrever com 'i' e não com 'e', o sufixo -iano e -iense: acriano (e não acreano), de Acre, camoniano (de Camões); usaríamos -io e -ia (e não -eo e -ea) átonos em formas variantes de substantivos terminados em vogal, como réstia(e não restea), hástia (e não hástea); aliviaríamos o circunflexo de "voo", "enjoo", e "veem" "leem"; reduziríamos os acentos diferenciais obrigatórios a "pôde" e "pôr"; aboliríamos o trema sobre o'u' proferido dos grupos de gue, gui, que, qui:tranquilo, quinquênio. Todos estes novos hábitos gráficos já eram correntes no sistema português-africano de 1945.
O foco da Academia Brasileira de Letras em seus 114 anos de existência sempre foi o de preferentemente preservar e valorizar a memória nacional, a língua como instrumento do conhecimento e da convivência, as letras como reveladoras e formadoras da identidade do país, sem deixar de fora nada do que é humano, como a ciência que reside no espírito - a explicar o ob-servado - e a poesia que habita a alma, a senti-la e a compreendê-la. Logo, não poderemos ter uma cultura amnésica e um civismo estaladiço, feito apenas de muito verniz.
O discurso do acadêmico, educador e crítico literário Eduardo Portella, ex-ministro da Educação (que cunhou a frase "Não sou ministro, estou ministro"), na cerimônia de minha posse na Academia Brasileira de Letras, sexta-feira, foi uma importante peça de análise política sobre "os tempos nublados da derradeira modernidade", que ele prefere chamar de "baixa modernidade", que estamos vivendo.
Em janeiro de 1968, fiz escala de alguns dias em Praga, seguindo depois para Moscou e Murmansk, até o meu destino final, que era Havana.
Enquanto o debate sobre a necessidade ou não da criação de um novo imposto para financiar o sistema de Saúde do país vai se desenrolando, vai ficando cada vez mais evidente que se está discutindo uma questão de escolha, de prioridades. Os dados mostram que o governo, de uns anos para cá, reduziu o que gastava com a Saúde e aumentou a verba para os programas assistencialistas.
A guerra da distribuição dos royalties do petróleo está chegando a um ponto de ruptura entre o governo federal e os estados produtores, principalmente o Rio de Janeiro, o que tem mais a perder. Ontem, o governo federal, em aliança com alguns senadores nordestinos, tentou votar o projeto, mas o PSDB atrasou entrega de relatório de uma medida provisória, e a pauta seguiu obstruída.
No Rio Grande do Sul, um cidadão, acho que uma autoridade local, está processando o Google por conta de uma informação que considerou, além de falsa, prejudicial à sua imagem e carreira. Uma juíza deu liminar, não sei se a favor ou contra a ação.
Ao falar em São João de Meriti, num seminário promovido pelo Agora-Sistema de Ensino, o professor José Arnaldo Favaretto foi categórico, ao afirmar que "o futuro começa hoje". Logo depois, na cidade Ao falar em São João de Meriti, num seminário promovido pelo Agora-Sistema de Ensino, o professor José Arnaldo Favaretto capixaba de Aracruz, no Congresso Conhecer 2011, abordou o tema "Educação do Futuro", mostrando que nossas perspectivas dependem basicamente do que for possível construir na atual geração. Ou seja, temos que melhorar substancialmente a qualidade do ensino, em todos os graus, para que possamos almejar um futuro de mais conforto para os nossos filhos e netos.
O possível confronto entre a Presidência e o Judiciário, na organização do futuro orçamento, põe em causa a legitimidade da iniciativa do Terceiro Poder em proveito próprio no dispêndio nacional. Repetição clássica das políticas de clientela, e da cosa nostra, na prática política nacional? Ou exercício inconteste, em função da autonomia dos poderes, de alocações específicas no gasto da União? O impasse trazido à opinião pública evidencia, de saída, o desconforto do próprio presidente do Supremo. "É página virada", repetiu, como a passar rápido aos fatos consumados frente à " consciência do País. Não se indaga das situações comparativas, no tratamento orçamentário dos salários destes funcionalismos, tal como volta a lume o nepotismo do Judiciário, ainda há pouco denunciado pelo Conselho Nacional de Justiça, como órgão de controle externo deste poder. Inquieta, ao mesmo tempo, o Brasil da democracia popular o quanto o velho status quo não se conforma com o repto deste mesmo Conselho, e não desiste de querer reduzir a sua competência.
A tese de Constituinte revisora lançada pelo PSD como bandeira principal do novo partido é um desdobramento de propostas semelhantes que já haviam sido discutidas e abandonadas, e tem como novidades a amplitude da sua atribuição - só ficariam de fora a divisão dos poderes, o modelo federativo, o voto secreto e as garantias individuais - e a proposta de que seus membros seriam eleitos por voto em lista fechada.
Apliquei a metáfora aos militares que, após tomarem o poder em 1964, mudaram de comportamento.
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