
Câmeras e traição
[2]As câmeras de segurança podem ajudar a polícia e proteger propriedades, mas também podem fazer as pessoas se sentirem violadas e incomodadas. Folha Informática, 27.abr.2005
As câmeras de segurança podem ajudar a polícia e proteger propriedades, mas também podem fazer as pessoas se sentirem violadas e incomodadas. Folha Informática, 27.abr.2005
Devo estar defasado, ou completamente por fora do que está acontecendo no Brasil. Ouvi, como todo mundo ouviu, o conselho do presidente Lula para que tiremos o traseiro dos bancos que cobram juros altos e transportemos civicamente o traseiro para outros bancos, onde certamente os juros serão menores.
Na sua elegância habitual, mas suas boas maneiras pedagógicas, o presidente Luís Ignácio da Silva, por alcunha o Lula, declarou à imprensa que os juros sobem porque os brasileiros não levantam o traseiro da cadeira.
Os dois deuses
Começo por uma citação de Baudelaire, que escreveu o seguinte na primeira página de seus "Pétits poèmes en prose", dirigindo-se a seu amigo Arsène Houssaye:
Acho que já passou a época em que não se podia aludir à ignorância do presidente da República ou ao conteúdo asneirento, desastrado ou grosseiro de inúmeras afirmações contidas em seus famosos improvisos ou ao óbvio deslumbramento com a fruição do poder, a ponto de ele haver cedido ao impulso, quiçá compreensível, mas injustificável, cafona e atrasadinho, de “branquificar-se” durante sua ascensão. Em vez do cabelo encarapinhado que lhe atestava a mestiçagem, passou a ostentar melenas sedosas. Foi saudado, enquanto dizia novas besteiras em sua visita à África, como o “primeiro presidente negro” do Brasil, o que, aliás, não é verdade, se se adotar o estranho critério segundo o qual uma pessoa pode ser filha de uma sueca com um zulu, ou seja, exatamente metade branca e metade negra, mas é negra. Acredito que muitos outros presidentes brasileiros foram semelhantemente negros, a começar pelo dr. Fernando Henrique, que dizia isso de si, embora nem sempre em termos muito elegantes. Mas Lula pediu as desculpas lá dele como branco. Enquanto isso, por acaso, eu recebia correspondência de um amigo que faz parte da comissão da ONU que trata da escravidão e ele mencionou a possível existência de 200 milhões (isto mesmo) de cativos no mundo de hoje e o problema recente, há uns dez anos, da escravização de pigmeus da República dos Camarões por bantus, estes, por ironia, muito numerosos entre os escravos que vieram para o Brasil - nada como um dia depois do outro.
Quando nasceu a idéia do "Provão", no Governo passado, houve uma grande resistência. Entidades representativas de alunos e professores protestaram contra a sua implantação, no começo meio precária, exatamente porque não inspirava muita confiança. Autoridades do MEC de então esclareciam: "É só o começo do processo. Vamos completar a metodologia com uma série de outros elementos, como o exame de bibliotecas e laboratórios, para que a avaliação seja adequada."
Em matéria de televisão educativa, o Brasil avançou em três direções distintas: fez a modelar TV Escolar de São Luís do Maranhão, com apoio do então governador José Sarney, e assim ofereceu oportunidades de estudo a jovens que não conheciam o ginásio, na ocasião; criou a TV Educativa, no Rio de Janeiro, primeiro entregue aos cuidados de Gilson Amado, que chegou até a produzir novelas didáticas, como João da Silva, além de ter recebido no Japão o Prêmio NHK (medalha da ouro) com o programa Patati-Patatá, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação e Cultura; e, no Governo Abreu Sodré, em São Paulo, instalou a TV Cultura, que conheceu tempos gloriosos, com a sua programação jornalística e o famoso “Castelo Rá-Tim-Bum”. Hoje, repete programas diversas vezes e pede emprestado a outras emissoras alguns “escolhos” para encher o tempo.
Mania antiga de imitar países mais desenvolvidos, não no que eles têm de bom ou melhor, mas de discutível e absurdo, o Brasil pode adotar o recente decreto do presidente Chirac, que proibiu o uso de símbolos ou vestimentas religiosas nas escolas públicas da França.
COMEMORA-SE ESTE ANO O centenário de Hans Christian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês que com suas histórias enriqueceu a infância de muitas gerações. Andersen nasceu em Odense: seu pai era um sapateiro, a mãe trabalhava como lavadeira, e durante a noite contava ao filho as histórias do folclore dinamarquês. Foi ela quem encorajou Andersen a escrever suas próprias fábulas e promover pequenos espetáculos com marionetes. Não há maior homenagem a Andersen do que dividir com meus leitores o seu “O soldadinho de chumbo”, que costumava me fazer chorar sempre que eu ouvia minha mãe contando. A seguir, uma versão resumida:
Domingo passado, em companhia de Moacyr Scliar, Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, participei de um debate na 1ª Bienal do Livro em Goiânia. Durante algum tempo, tomava parte em bienais e eventos equivalentes, mas neste ano estou recusando todos os convites, só aceitando aqueles que estavam agendados há tempos ou que de alguma forma me parecem realmente importantes.
Tem o Natal no Brasil, como festa popular, uma tradição de alegria pelo nascimento do Menino, em festejos que foram registrados por estudiosos de nossos costumes que se curvaram sobre o modo de o povo demonstrar seu regozijo nesse período. Entre os autores dessas pesquisas estão Luís da Câmara Cascudo em vários de seus livros, principalmente no "Dicionário do folclore brasileiro", Manuel Quirino em "A Bahia de outrora", Adelino Brandão em "Recortes de folclore", Théo Brandão em "O auto dos caboclinhos" e Sílvio Romero em "Cantos populares do Brasil".
Saudoso amigo, o senador Alexandre Marcondes Filho me disse, mais de uma vez, que a CLT, como uma lei social para disciplinar o trabalho e garantir a tranqüilidade do trabalhador, deveria ser revista de tempos em tempos, isto é, atualizada.
Estamos voltando aos bons tempos em que era possível chorar de verdadeira emoção, numa festa de formatura. Aconteceu em São Paulo, com a presença do ministro Cristovam Buarque (representando o presidente Lula), quando a primeira turma de alfabetizados jovens e adultos formou-se, no Centro Universitário FMU, depois de seis meses de duro trabalho de ensino e aprendizagem.
A única coisa boa que podia acontecer na Guerra do Iraque aconteceu: a prisão de Saddam. Ele foi um ditador cruel, uma sanguinária presença, invadiu o Irã e o Kuwait, usou armas químicas contra os curdos e provocou um terror internacional ameaçando com armas de destruição em massa, que não tinha. Esse blefe foi argumento para a invasão do seu país. Assassinou adversários e fez expurgos entre seus próprios adeptos, com a liquidação até mesmo de membros de sua família, como os genros. Deve ser julgado pelos crimes que cometeu, para exemplo de todos os tiranos. Na minha cabeça não passa a pena de morte, pois contra ela sou contra.
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