A União Européia a perigo
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 06/05/2005
Não mais do que de repente eis o grande propósito da União Européia a risco do plebiscito de sua Constituição. Um "não" majoritário não acarretaria necessariamente a quebra do conseguido até agora. Mas, sem dúvida, um possível revisionismo das medidas à frente, contidas na Carta Magna, e dispostas a transformar uma estrita união de estados no avanço de uma efetiva cidadania européia. Ficaria este progresso crucial exposto às revivescências das velhas soberanias nacionais. Os países do Benelux deram a partida, na consagração indiscutível, pelas suas populações, do marco adiante que representa o verdadeiro pacto federal proposto. E, no mesmo passo, segue-se a Espanha, onde o Governo socialista de Zapatero ganhou, hoje, a nitidez de uma busca real de alternativa ao eixo liberal que parecia o tônus do primeiro lustro do velho continente neste século. O núcleo, entretanto, de toda a solidez do projeto continua o eixo Berlim-Paris e, de mais a mais, o "não" surge inesperadamente como a tônica do plebiscito francês do dia 29 de maio.