
Do PRP ao PT
[2]Deixo logo dito que a distância entre o PRP e o PT, do título acima, é maior do que a distância das galáxias universais.
Deixo logo dito que a distância entre o PRP e o PT, do título acima, é maior do que a distância das galáxias universais.
Converso com minha amiga Nélida Piñon e confesso que tenho vontade de escrever um artigo sobre o nosso patrimônio imaterial. Dando como exemplo, lembro a importância do samba para a cultura brasileira. Ela argumenta que viu no Marrocos uma praça inesquecível, toda ela povoada por bens imateriais, como faquires, lambedores de fogo, palhaços, dentistas - uma soma incrível de pessoas fora do comum que dão o tom da imaterialidade àquele local abençoado pela Unesco. O poeta Alberto da Costa e Silva confirma que conhece o local.
O Brasil é um país de escritores. Grandes, médios e pequenos. Homens e principalmente mulheres, numa proporção cada vez maior. Aí se inclui o gênero poesia, com adeptos numerosos, como indicam os admiradores de Castro Alves, Cecília Meirelles, Carlos Drummond de Andrade e Vinícius de Moraes, entre outros.
O opróbrio dos últimos dias com o incidente Severino não leva a tragédia da corrupção apenas à farsa, mas ao grotesco. O sair-se disso tudo está cada vez mais pedindo o desemperro do denuncismo moralista, para definir-se a verdadeira perspectiva da ''ética na política'', que reclama a reemergência do PT no futuro político do país.
O sistema de dedicar parte de suas reuniões semanais a lembrar, numa série de efemérides, a figura e a obra de acadêmicos mortos, mantém a Academia Brasileira de Letras fiel à sua missão de preservar a memória do país no setor que lhe compete. De Cláudio Manuel da Costa foi dos mais recentes efemérides ali apresentadas.
Por mais que me esforce, lendo, ouvindo e vendo toda a indignação motivada pela corrupção reinante, não consigo esquecer a inutilidade dos castigos, por mais merecidos que tenham sido no passado ou no presente.
Na última sexta-feira fui assistir na sala do Conselho Universitário da USP à justa homenagem que receberam o professor Alberto Ferreira de Castro e os engenheiros Antônio Ermírio de Moraes e Olavo Setúbal, como "batalhadores do desenvolvimento".
- E o Messias, que tem quatro? Tu manja o Messias, um que só vem aqui de vez em quando, mas é freguês antigo. Um magrelo, de bigodinho igual àqueles bigodinhos de antigamente, um que usa camisa do América.
Nestes tempos de céu nublado, é um interlúdio que descansa a alma olhar as estrelas, vê-las na imensidão de não poder contá-las. Em Brasília, em tempos de céu de outono, as nuvens desaparecem e, nas noites de lua nova, há um céu cintilante, de luzes que se acendem e apagam, em que a vista não consegue fixar-se, pois tudo é mistério: escuridão e claridade numa contradição de clarões.
Os jornais vivem dando notícias de opiniões estrangeiras sobre o Brasil. Conferimos enorme relevância a essas opiniões e muita gente costuma mudar as suas próprias, ou as absorvidas antes, em favor das últimas importadas. Não passa dia sem que os jornais publiquem pelo menos umas quatro matérias sobre opiniões estrangeiras a nosso respeito, não contando as das áreas financeiras, que, adicionadas às outras, deixam qualquer um maluco. Fogem-me exemplos agora, mas todo mundo já viu, a não ser que tenha prudência suficiente para não ler páginas econômicas. Ocupamos o segundo lugar no mundo em enfiar o dedo no nariz em público, precedidos somente pelo Gabão. Em compensação, somos um honroso 34 numa lista dos que coçam os fundilhos também em público, superando a própria Dinamarca, onde oito em cada dez cidadãos se entregam à reprovável prática, principalmente no inverno, pois banho não é um costume assim muito arraigado na Europa. E por aí vamos, em perpétua avaliação do nosso comportamento, acompanhando com atenção o que diz o famoso Primeiro Mundo sobre o nosso país e sobre nós mesmos.
O ônibus da Air France me deixa na gare dos Inválidos, "Invalides", com mais um inválido agora. Retiro minhas duas malas, dou gorjeta ao homem que me ajuda, olho em torno, vejo a placa em cima de um poste, "Tête de station", podia arranjar um táxi.
Comentei há dias, nesta coluna, que o "fico" do príncipe regente D.Pedro I aos patriotas que lutavam pela independência culminou no Sete de Setembro de 1822. Outro "fico", disse eu, foi o do presidente Lula, que aduziu e não fará como Getúlio, Jânio e Jango: ficará no poder.
Conta o famoso poeta persa Rumi que certo dia, em uma aldeia do norte do atual Irã, apareceu um homem contando histórias maravilhosas sobre uma árvore cujos frutos davam imortalidade a quem os comesse.
Todo o prurido, aqui, nestes dias, com o deslanche das reformas, só contrasta com os elogios lá fora, que Lula vai colher na Europa. Apenas começa o desfrute, por um Governo consciente, da nova força desta imagem, e de como pode fazê-la pesar, no que seja a nossa originalidade como possível alternativa ao neoliberalismo exausto. Avoluma-se a ânsia de classificar a novidade.
A pátria, segundo Rui Barbosa, é a família amplificada. Aceitando a definição, a família seria o indivíduo amplificado. Não mais se cita Rui Barbosa como antigamente, mas, vez por outra, ele é lembrado, sobretudo com aquela famosa dissertação sobre a decadência de usos e costumes: de tanto ver desprezadas a moral, a justiça, a dignidade etc. etc., o homem deixa de crer na moral, na justiça, na dignidade etc. etc.
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