Personalidades lamentam a morte de Roberto Marinho
[1]Publicada em 06/06/2006
Publicada em 06/06/2006
Publicada em 06/06/2006
Não será para os meus dias, mas não custa me lamentar. O Luís Edgar de Andrade costuma dizer que a maior injustiça do mundo foi a tardia aparição do e-mail. Ele tem a certeza de que tudo seria melhor se o Otto Lara Resende tivesse acesso ao novo recurso de comunicação que hoje está disponível a qualquer um, menos a ele, que tanto adorava escrever cartas, bilhetes e recados.
Nascido a 1º de maio de 1922, em São João del Rey, em Minas Gerais, e falecido a 28 de dezembro de 1992, no Rio, Otto Lara Resende foi um dos Quatro Mineiros do Apocalipse, na companhia de Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino. Formou-se em direito, foi adido cultural das embaixadas do Brasil em Bruxelas e em Lisboa, elegeu-se para a cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, na qual sucedeu a Elmano Cardim, sendo sucedido por Roberto Marinho e pelo atual ocupante, o senador Marco Maciel.
Escrever sobre Otto Lara Resende é recordar uma amizade que começou nos idos de 1955, quando ele dirigia a revista Manchete. Jovem repórter esportivo, comecei a trabalhar na Manchete Esportiva, compondo a equipe dos três Rodrigues: Augusto, Paulo e Nelson. Desses, Augusto felizmente ainda está vivo, para testemunhar o que isso representou para o nosso jornalismo.
Desde 1964 têm editoras brasileiras lançado coleções de livros subordinados a temas. Das primeiras foi a de Guimarães Rosa, Otto Lara Resende, Carlos Heitor Cony e outros. Assunto: os sete pecados capitais. De então até hoje outras coleções vieram provar a atração que uma literatura temática exerce sobre grande número de leitores. De repente, surgem contestações: o escritor não deve aceitar encomenda.
Se fosse vivo, Otto Lara Resende teria completado 82 anos em 1º de maio. Na minha própria família, uma prima disse-me, certa vez, que era Otto quem fazia a ponte entre nós todos. O deputado Israel Pinheiro alugou uma casa defronte a nossa, em Copacabana. Experiente político mineiro, Israel era velho amigo e colega de Afonso Arinos na Câmara. Ele costumava dizer que, se o seu partido, o Social Democrático, e o de Arinos, a União Democrática Nacional, não os atrapalhassem, eles resolveriam os problemas políticos ali mesmo, na Rua Anita Garibaldi. Daí a intimidade entre os seus nove filhos e meu irmão e eu, que tomamos de fato, nos longos anos em que nossos pais ali residiram simultaneamente, as duas casas numa só.
Ao fazer a revisão para um de seus livros a ser reeditado, Otto Lara Resende deixou uma observação à margem do texto: "Só uma besta se mete a escrever livro!". Meticuloso, amante da forma exata e do pensamento original, Otto sofria o diabo na hora de transmitir aquela prosa que tanto admiramos, mas que, para ele, estava sempre incompleta, insatisfatória, banal.
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