
Democracia e cosa nostra
[2]O possível confronto entre a Presidência e o Judiciário, na organização do futuro orçamento, põe em causa a legitimidade da iniciativa do Terceiro Poder em proveito próprio no dispêndio nacional. Repetição clássica das políticas de clientela, e da cosa nostra, na prática política nacional? Ou exercício inconteste, em função da autonomia dos poderes, de alocações específicas no gasto da União? O impasse trazido à opinião pública evidencia, de saída, o desconforto do próprio presidente do Supremo. "É página virada", repetiu, como a passar rápido aos fatos consumados frente à " consciência do País. Não se indaga das situações comparativas, no tratamento orçamentário dos salários destes funcionalismos, tal como volta a lume o nepotismo do Judiciário, ainda há pouco denunciado pelo Conselho Nacional de Justiça, como órgão de controle externo deste poder. Inquieta, ao mesmo tempo, o Brasil da democracia popular o quanto o velho status quo não se conforma com o repto deste mesmo Conselho, e não desiste de querer reduzir a sua competência.