
Muro de Berlim às avessas
[2]A crise que levou os Estados Unidos à beira do "default" poderá ser lembrada como a data em que ficou à mostra o início da sua queda, tão esperada pelos seus inimigos. É um Muro de Berlim às avessas.
A crise que levou os Estados Unidos à beira do "default" poderá ser lembrada como a data em que ficou à mostra o início da sua queda, tão esperada pelos seus inimigos. É um Muro de Berlim às avessas.
A Líbia não estava na linha de tiro dos Estados Unidos nem da Otan. Com o Iraque, depois de longos anos de guerra fria, todos previam, sem nenhuma contestação, que o desfecho seria um confronto armado. Para prepará-lo houve longa divergência, com etapas que envolveram desde as acusações de possuir o Iraque armas de destruição em massa e produção de armas nucleares, além do lado passional que a questão passou a ter para os americanos depois que Bush filho anunciou que "Sadam queria matar papai".
Estou, ultimamente, certo de que um fenômeno está surgindo no mundo atual: a compressão do tempo. Ele está cada vez mais chato e achatado.
George Orwell, quando, em 1949, publicou o seu famoso livro "1984", imaginou uma sociedade com um ministério da verdade para zelar por condutas morais "corretas".
A crise que começou em 2008 não pode ser comparada à de 1929. Há 82 anos o mundo era outro, quase um fóssil dos tempos atuais. Foi uma crise da economia americana que, em ondas sucessivas, provocou marolas no mundo.
Em hidreletricidade, energia limpa e inesgotável, o Brasil ocupa no mundo uma posição semelhante à da Arábia Saudita em petróleo. Graças a nossas características hidrográficas e nosso engenho técnico nos últimos 50 anos, mais de 90 por cento de nossa capacidade de geração se baseia em duas coisas gratuitas: a água das chuvas e a força da gravidade. Bacias hidrográficas generosas, com centenas de rios perenes e abundantes, se espalham por grandes regiões cujos regimes de chuvas são bastante diferentes. Quando barrados, constituem grandes lagos, energia potencial estocada que país nenhum possui. Em 1957, o Estado construiu a barragem de Furnas, para garantir o necessário aumento de oferta. Com o esforço e o talento de várias gerações, tudo se aperfeiçoou. Como as chuvas também variam de região para região, o sistema foi interligado por linhas de transmissão, de modo a permitir que um operador central racionalizasse o uso da água disponí-vel em todo o país. Dessa combinação de características eminentemente brasileiras resultava uma altíssima confiabilidade. O Brasil, finalmente, tinha energia barata e segura que assegurasse força suficiente para a política desenvolvimentista iniciada por JK.
O grande gargalo que não conseguimos atravessar é o da infraestrutura do país. A produção cresce sempre à frente dela, sobretudo depois da Constituição de 1988, que extinguiu o Imposto Único sobre Lubrificantes e Combustíveis Líquidos e Gasosos, que assegurava um fluxo permanente de recursos, através do Fundo Rodoviário Nacional, ao DNER – um órgão que deu certo – que construía, conservava e planejava estradas e foi responsável pela existência da básica rede rodoviária que até hoje mantém em funcionamento as nossas estradas.
Sempre que encontrávamos um engarrafamento de trânsito em qualquer lugar do Brasil, vinha logo a resposta de "parece que estamos em São Paulo", onde há muitos anos o problema de tráfego parece ser insolúvel.
Estamos em pleno Domingo Gordo. É o meio e o topo da folia, quando as coisas começam a esquentar, as águas já começaram a rolar, águas de inverno e águas que passarinho não bebe e só peru na véspera de Natal.
Estou, ultimamente, certo de que um fenômeno está surgindo no mundo atual: a compressão do tempo. Ele está cada vez mais chato e achatado. Parece que a cada dia fica mais curto.
Atendi a uma repórter que fazia uma reportagem sobre horóscopo e ela, de saída, foi me dizendo: "O senhor, conhecido consultador de horóscopos...". Interrompi: "Minha filha, você está com a informação errada, eu não consulto horóscopos...". "Mas o senhor não usa marrom nem gosta de jacaré empalhado..." "Isso é outra coisa", retruquei, "meu jacaré nada tem a ver com astrologia." E ela, simpaticamente, terminou a conversa: "Vai ver que tem".
Um dia, estava com Tancredo Neves e descontraidamente conversávamos sobre a política, as suas vicissitudes, suas amarguras e seu potencial gratificante. Perguntei-lhe o que responderia se ele tivesse de arrolar três virtudes que deviam ter os políticos. Ele com certo humor me disse: “Sarney, para mim acho que as sete primeiras são paciência, as outras três você pode escolher como quiser.” Rimos juntos e fiquei logo certo de essas primeiras sete eu possuía demais e muitas vezes fui criticado por essa conduta.
Afonso Arinos – nunca será demais lembrar que se trata de um dos maiores monumentos da inteligência brasileira – levantou, em um de seus livros, um tema que serve para profundas meditações.
Cidade da minha mocidade, da minha adolescência, da minha maturidade, da minha velhice, da minha eternidade, dos meus sonhos, das minhas paixões, das minhas flores abertas para a alegria e murchas para as tristezas, do meu destino.
O Brasil anda muito descuidado e ausente de sua história.
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