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cyberpunk

Classe gramatical: 
s.m. adj.2g.2n.
Definição: 

s.m.

1. Filme, livro ou revista de ficção científica cuja ação se passa em cenários urbanos decadentes de um futuro distópico dominado pela tecnologia.

2. Gênero deste tipo de obra.

adj.2g.2n.

3. Que apresenta características típicas deste gênero.

Exemplos de uso: 

“As obras cyberpunk se passam num futuro distópico onde, apesar do evoluído estágio de desenvolvimento tecnológico, aprofundaram-se muito a desigualdade social e a exploração – e a qualidade de vida da população é péssima. Nesse universo, a tecnologia não só não resolveu problemas sociais, como inclusive potencializou alguns deles. ‘Nesse subgênero, encontramos sociedades onde as fronteiras entre o real e o virtual possuem limites frágeis e há diferenças sociais que marcam as maiores preocupações do que seria o avanço – posto que muitas das tecnologias apresentadas coexistem em cenários de destruição do meio ambiente e pobreza extrema. Desse modo, as histórias com temática cyberpunk incitam as percepções sobre as promessas fantásticas de um futuro tecnológico’, define a escritora e pesquisadora Juliane Vicente, mestranda em Comunicação e Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).”1

“A situação político-social dos Estados Unidos da década de 1980 nos ajuda a entender como a ficção cyberpunk decolou logo após o boom de ficção científica ‘light’ encabeçado pelo estrondoso sucesso de Star Wars, lançado em 1977. A constante ansiedade gerada pela Guerra Fria, os recordes de índices de criminalidade e o aumento do desemprego e da inflação são fatores que ajudam a explicar o crescimento do gênero durante a década. Além disso, com a eleição de Ronald Reagan em 1980, existia um receio sobre quais poderiam ser os efeitos de um capitalismo desregulado. É nesse contexto que surgem os títulos que são considerados os precursores do cyberpunk: o filme Blade Runner(1982), do diretor Ridley Scott, e o livro Neuromancer (1984), de William Gibson. Influenciado pelo caos da época, e por um avanço tecnológico já vertiginoso fomentado pela disputa entre EUA e URSS, o gênero adiciona realismo e crítica social a uma ficção que já fazia sucesso.”2

“A palavra cyberpunk começou a ser usada para a literatura do movimento quando Gardner Dozois, editor da Isaac Asimov’s Science Fiction Magazine, cunhou o termo em 1983, a partir de uma história homônima escrita por Bruce Bethke. Gardner Dozois referia-se a um grupo de escritores americanos como Bruce Sterling, Rudi Rucker, Lewis Shiner, John Shirley, Pat Cadigan e William Gibson, cuja produção literária tinha uma série de características em comum (...). Em 1984, William Gibson publicou Neuromancer, e Gardner Dozois escreveu um ensaio no The Washington Post, no qual ele classificou [as obras de] Gibson, Shirley, Sterling, Shiner, entre outros, com o termo cyberpunk. Uma das primeiras narrativas a reunir algumas dessas características desse movimento, porém, foi o livro True Names, de Vernor Vinge, publicado em 1981.”3

Um dos filmes mais esperados de 2021Matrix: Resurrections está próximo de seu lançamento. Com estreia marcada para 22 de dezembro de 2021, a saga de Neo logo ganhará mais um capítulo, dando continuidade à história iniciada em 1999, com o longa Matrix. Produção que marcou época, até hoje, a franquia é responsável por influenciar outros grandes títulos do gênero ficção científica, principalmente, quando falamos sobre o subgênero cyberpunk. Mas afinal o que é cyberpunk? A temática em questão é um subgênero da ficção científica conhecido pelo foco na mistura de alta tecnologia e baixa qualidade de vida. Normalmente estabelecidas em futuros distópicos, as produções cyberpunk costumam explorar sociedades com estética futurista, apresentando grande quantidade de fios elétricos em suas ambientações, assim como prédios altos, luzes neon, muitas telas e máquinas voadoras. Através da mescla de tecnologia avançada e governos tiranos, tal subgênero, normalmente, apresenta críticas à sociedade de consumo, através de produções no universo dos filmes, séries e livros.”4

“Embora o cyberpunk não seja completamente estranho às pessoas, muita gente ainda confunde o gênero com ‘coisa de nerd’. Mas não é bem assim. A palavra ‘punk’ não aparece na expressão por acaso. É comum ver muita coisa do movimento punk dos anos 70 nessas histórias, como a cultura do ‘faça-você-mesmo’, a transgressão ao poder estabelecido (invasão de computadores e fraudes eletrônicas), o sarcasmo niilista, a moda (roupas de couro, óculos escuros, botas, correntes) só que acrescida de adereços tecnológicos modernos, como óculos e relógios inteligentes, implantes neurais, realidade virtual, entre outros.”5

“No cyberpunk boa parte das histórias retrata personagens marginais que vivem num mundo altamente conectado e tecnológico. Eles seriam, portanto, os rebeldes do futuro, atuando como foras da lei ou hackers (termo surgido dentro do cyberpunk) para sobreviverem. Subgênero da ficção científica, o cyberpunk surgiu a partir de livros como ‘Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?’ (1968), de Phillip K. Dick, ‘Mirrorshades’ (1986), de Bruce Sterling e ‘Neuromancer’ (1988), de William Gibson, no qual cunhou o termo ‘cyberespaço’ para descrever o ambiente onde atuava o personagem principal. Nos cinemas, títulos como ‘Blade Runner’ (1982), ‘Tron’ (1982), ‘Matrix’ (1999), ‘Johnny Mnemonic’ (1995) e ‘Elysium’ (2013) também beberam na fonte do cyberpunk.”6

“Para amantes de cultura japonesa, ‘Ghost in the Shell’, de Masamune Shirow, figura sempre na lista de obras essenciais. Com um design robusto de um futuro próximo onde o limiar entre humanos e máquinas foi estreitado, a obra une a atmosfera cyberpunk com uma história sobre o que torna alguém um ser humano de fato. Cultuada desde o lançamento, a animação ‘O Fantasma do Futuro’ (1995), de Mamoru Oshii, transforma os pressupostos de Masamune em poesia visual. Por outro lado, a trama complexa guarda em si um hermetismo próprio de obras construídas para o público nipônico.”7

Referências: 

CYBERPUNK. In: CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Cambridge Dictionary. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/cyberpunk. Acesso em: 20 jan. 2022.

CYBERPUNK. In: DICTIONARY.COM. Disponível em: https://www.dictionary.com/browse/cyberpunk. Acesso em: 20 jan. 2022.

CYBERPUNK. In: ISTITUTO TRECCANI. Vocabolario Treccani*.* Disponível em: https://www.treccani.it/enciclopedia/cyberpunk/. Acesso em: 20 jan. 2022.

1 LEITE, Matheus. Cyberpunk e a pílula vermelha. Sextante, maio 2021. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: https://www.ufrgs.br/sextante/cyberpunk-e-a-pilula-vermelha/. Acesso em: 20 jan. 2022.
 
2 Idemibidem.
 
3 LEMOS, André. Ficção científica cyberpunk: o imaginário da cibercultura. Conexão – Comunicação e Cultura, UCS, Caxias do Sul, v. 3, n. 6, p. 9-16, 2004. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conexao/article/viewFile/71/61. Acesso em: 20 jan. 2022.
 
4 FELIZARDO, Rafael. Matrix e 6 outros filmes com temática cyberpunk que irão explodir sua cabeça. AdoroCinema, 14 nov. 2021. Disponível em:https://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-161262/. Acesso em: 20 jan. 2022.
 
5 CRUZ, Felipe Branco. “Ghost in the Shell” resgata o gênero cyberpunk. Mas você sabe o que ele é? UOL, 31 mar. 2017. Filmes. Disponível em: https://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2017/03/31/ghost-in-the-shell.... Acesso em: 20 jan. 2022. 

6 Idemibidem.

7 BLOC, André. “A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell”: anime ilustrado. O Povo, 30 mar. 2017. Cinema às Oito. Disponível em:https://blogs.opovo.com.br/cinemaas8/2017/03/30/vigilante-do-amanha-ghost-in-the-shell-anime-ilustrado/. Acesso em: 20 jan. 2022.

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