criovulcânico adj. (erupção criovulcânica), criovulcanismo s.m.
Espécie de vulcão de gelo que lança jatos de vapor de água, partículas de gelo e substâncias como amoníaco e metano, em vez de lava, encontrado em luas geladas e outros corpos celestes a baixas temperaturas. [De crio- (do gr. krúos,eos-ous ‘frio, gelo’) + vulcão.]
“Nem todos os vulcões têm magma e lava. Na verdade, muitas luas e planetas-anões em nosso Sistema Solar têm vulcões de gelo, que liberam água quente, amônia, hidrogênio e compostos de nitrogênio e são cercados por montanhas de gelo. Recentemente uma dupla de astrônomos mostrou que esses criovulcões, como são chamados, são mais comuns do que se acreditava anteriormente. Principalmente nos dois planetas-anões encontrados muito além da órbita de Netuno, Éris e Makemake – segundo e terceiro maiores objetos no Cinturão de Kuiper, respectivamente.”1
“Em temperaturas extremamente baixas, os criovulcões não irrompem as rochas derretidas, mas água e outros compostos químicos (metano e amoníaco) no estado líquido e gasoso. Os criovulcões são encontrados principalmente em outros planetas e em seus satélites. Mas processos semelhantes também estão ocorrendo na Terra. Exemplo disso foi o surgimento de um funil com o diâmetro de 20 metros na península de Yamal, na Rússia, como resultado da liberação de rochas derretidas e congeladas sob a pressão. Em Ceres, a maior formação criovulcânica é a montanha Ahuna Mons de 4 km a 4,5 km de altura que surgiu pelo menos 240 milhões de anos atrás.”2
“Imagens enviadas pela sonda Cassini confirmaram a existência de um ‘criovulcão’ – um vulcão de gelo – na fria superfície de Titã, a maior das luas de Saturno. Ele também expele metano na atmosfera. O estudo está na Nature.”3
“Os cientistas acreditam ter visto vulcões de gelo – chamados de criovulcões – em muitas luas, como Tritão, Europa, Titã e Plutão. Porém, no planeta-anão Ceres existe um solitário e gigante vulcão de gelo, com metade do tamanho do Monte Evereste, chamado Ahuna Mons, que chamou a atenção dos cientistas pela sua singularidade. Agora, um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores da Universidade do Arizona, em Tucson, sugere que Ahuna Mons pode não ter sido sempre o vulcão de gelo solitário do sistema solar. O grupo colocou duas hipóteses para o fenómeno Ahuna Mons. A primeira é que o vulcão é verdadeiramente um outlier. A segunda, e a escolhida pelos investigadores e aceite para publicação na revista Geophysical Research Letters, é que existiram outros criovulcões em Ceres, mas ocorreu algum processo que os destruiu ou modificou a sua forma até ficar irreconhecível. Os investigadores colocam mesmo a hipótese de ainda existirem criovulcões em Ceres, mas será necessário procurar outras formas que não cónicas.”4
“A razão pela qual podemos ver apenas esse criovulcão e não outros em Ceres é que a Ahuna Mons tem, no máximo 200 milhões de anos, segundo [Michael] Sori. Tratando-se de vulcões de gelo, ela ainda é bem jovem. ‘A Ahuna Mons ainda tem esse formato porque é muito jovem e não teve tempo suficiente para se deformar, mas os outros são mais velhos e talvez tiveram tempo de fazer isso’, disse Sori. Embora ele esteja bastante certo de que houve outros criovulcões em Ceres no passado, o próximo passo é descobrir quantos e onde. A equipe de cientistas já tem planos para investir mais toda a superfície de Ceres, em busca de montanhas aplainadas. Sori disse que já tem alguns candidatos em mente: ‘Ainda há muito sobre o que não entendemos quando falamos de criovulcanismo. Então, acho que será um assunto muito popular de se estudar ao longo das próximas décadas’.”5
“Os bolsões de água salgada também podem derreter o gelo ao seu redor e migrar lateralmente através da camada de gelo. Quando um desses bolsões de salmoura em migração atingiu o centro da cratera de Manannán, ficou preso ali e começou a congelar. Isso criou muita pressão, o que acabou resultando em uma erupção criovulcânica, estimada em mais de um quilômetro de altura, deixando uma marca em forma de aranha na superfície de Europa. Para cientistas que esperavam por possibilidade de vida nas erupções, supondo que elas estariam ligadas ao oceano abaixo do gelo, essa é uma má notícia, pois os bolsões salgados não estão diretamente conectados com a água oceânica. Por outro lado, esse mesmo mecanismo não pode explicar a origem de outros criovulcões que parecem existir em Europa. A missão Europa Clipper deverá ser lançada pela NASA em 2023 para investigar isso mais de perto.”6
1 REDAÇÃO GALILEU. Vulcões de gelo estão escondidos na ‘borda’ do Sistema Solar. Revista Galileu, 23 out. 2017. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2017/10/vulcoes-de-gelo.... Acesso em: 22 ago. 2021.
2 JORNAL DO BRASIL. Revelado mistério do planeta gelado no Sistema Solar. Jornal do Brasil, 18 set. 2018. Ciência e Tecnologia. Disponível em: https://www.jb.com.br/ciencia_e_tecnologia/2018/09/7415-revelado-misteri.... Acesso em: 22 ago. 2021.
3 FOLHA DE S.PAULO. “Criovulcão” em Titã libera metano na atmosfera. Folha de S.Paulo, 9 jun. 2005. Astronomia. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0906200506.htm. Acesso em: 22 ago. 2021.
4 CVARG – Centro de Vulcanologia e Avaliação de Riscos Geológicos da Universidade dos Açores; CIVISA – Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores. Ahuna Mons – um criovulcão solitário no sistema solar? Instituto de Investigação em Vulcanologia e Avaliação de Riscos, 3 fev. 2017. Mundo. Ciência. Disponível em: http://www.ivar.azores.gov.pt/noticias/Paginas/20170203-criovulcao-ceres.... Acesso em: 22 ago. 2021.
5 PAOLETTA, Rae. O planeta-anão Ceres tem um vulcão de gelo com metade do tamanho do Monte Everest. Gizmodo Brasil, 3 fev. 2017. Espaço. Disponível em: https://gizmodo.uol.com.br/vulcao-gelo-ceres-planeta-anao/. Acesso em: 22 ago. 2021.
6 CAVALCANTE, Daniele. Talvez as erupções de água na lua Europa não venham de um oceano subterrâneo. Canaltech, 13 nov. 2020. Ciência. Espaço. Disponível em: https://canaltech.com.br/espaco/talvez-as-erupcoes-de-agua-na-lua-europa.... Acesso em: 22 ago. 2021.