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Nosso chão

 

Nesta sexta-feira, aqui, no Maranhão, será realizada a cerimônia de acolhimento da Campanha da Fraternidade de 2017. Há vários anos tenho apoiado, como deputado federal e coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, iniciativas anuais da Igreja Católica, que hoje ampliaram-se e conquistaram um caráter ecumênico.

Quando o papa Francisco lançou sua encíclica Laudato Si', que ficou conhecida como encíclica verde, debatemos e elogiamos a carta em eventos da Frente Ambientalista. Reconheci em seu texto a história, passada e presente, do ambientalismo no Brasil e, particularmente, minha própria história, como parlamentar que defende a causa ambiental. O Santo Padre ofereceu à humanidade um precioso ensinamento, ao mostrar que nada neste mundo nos é indiferente e pregar uma ecologia integral.

A correlação entre a defesa dos biomas e a defesa da vida reflete essa ecologia, que é ao mesmo tempo ambiental, econômica e social. Assim, o tema deste ano, 'Biomas Brasileiros e Defesa da Vida', vem como um alento para quem luta pela preservação e o desenvolvimento sustentável. Se a Terra é nossa casa comum, como tão poeticamente define o papa, com sua sabedoria, os biomas são nossos berços, que nos dão de comer e de beber, nos dão o chão onde trabalhar, nos dão, enfim, nossa identidade.

Entretanto, no dia a dia de quem trabalha com ambientalismo, nos deparamos, ainda, com muito desconhecimento a respeito do tema. Para o Maranhão, que abriga Floresta Amazônica, Cerrado e Caatinga, o conhecimento desses três biomas é importante, até mesmo, para a compreensão das nossas desigualdades.

O tema permeia todos os nossos campos de atuação no Ministério: florestas, biodiversidade, águas, extrativismo, clima, desenvolvimento sustentável e cidadania ambiental. E muitas das principais ações da Campanha convergem com prioridades da minha gestão, como o combate ao desmatamento - e aqui, especificamente, o aprimoramento do monitoramento de todos os biomas -, a recomposição florestal, a proteção de nascentes e matas ciliares, o apoio aos povos tradicionais, a educação ambiental, o estímulo às atividades extrativistas e ao desenvolvimento rural agroecológico, assim como o combate às queimadas e à desertificação.

A incorporação de toda essa temática na perspectiva de trabalho da CNBB fortalece a defesa dos biomas brasileiros, pois, além de um arcabouço científico muito bem estruturado, a Campanha da Fraternidade reveste suas ações de uma riqueza espiritual capaz de tocar as consciências de forma profunda. Sua mensagem tem penetração em todos os setores da sociedade, atingindo a população rural e urbana, chegando a todos os rincões do país. E envolve os jovens, nossa maior esperança, para compreensão, engajamento e ação, pois nada ensina mais do que os exemplos e as experiências virtuosas.

Trabalhamos para dar a todos os biomas o cuidado e o respeito que lhes é devido. Com políticas corretas, recursos técnicos e financeiros possíveis, mas também com amor e fraternidade, pois é nesses sentimentos que o mundo pode encontrar sua verdadeira prosperidade.

O Estado do Maranhão, 05/04/2017