Prêmio Camões 2008
[1]Publicada em 04/08/2008
Publicada em 04/08/2008
Publicada em 18/06/2008
Mesa-redonda "Tudo bem? Alles klar!" contou com a participação dos acadêmicos Cícero Sandroni e Sergio Paulo Rouanet.
Publicada em 18/06/2008
Publicada em 18/06/2008
Publicada em 20/05/2008
Sou do tempo em que (aliás, sou do tempo de qualquer coisa antiga em que vocês pensem aí, venho descobrindo isso cada vez mais rápido) gordura e barriga eram vistas de maneira muito diversa da de hoje. O gordo era forte e, se bem que as tetéias (ou peixões, ou uvas, ou sereias ou tantas outras gírias que já designaram as boazudas) não fossem gordas, magrinhas como as que hoje estão na moda não fariam muito sucesso. Mulher tinha de ter carne e, preferivelmente, seguir o modelo violão.
Menina, é tanta coisa que a pessoa não sabe por onde começar. Nunca na História deste país teve tanto assunto por aí dando sopa. Mas ouso crer que as eleições municipais no Rio de Janeiro talvez mereçam especial atenção da parte do estudioso, pelo que trazem de novidades e características singulares, além de nos acenar, muito em breve, com um novo Brasil. Os habitantes deste país, particularmente do Rio de Janeiro, já nos acostumamos (cartas sobre essa concordância aí para o editor, por caridade) à existência louca que levamos e talvez até tenhamos dificuldade em ganhar a perspectiva necessária para observar aonde estamos indo. E não é que eu tenha essa perspectiva, tenho somente umas intuições a que os fatos parecem nos levar.
Antes de mais nada, devo deixar bem claro que, com as palavras acima, apenas repito parte do título de um samba famoso e não tenciono ofender qualquer pessoa ou coletividade com um epíteto racial que alguns consideram pejorativo, no que, me apresso também a reconhecer, exercem pleno direito seu. Se solicitado, apresentaria evidências públicas de minhas posições sobre a questão, mas imagino que baste lembrar que, na Bahia, sou branco-da-terra - ou seja, não chego a ser branco-branco mesmo, que lá não tem, com a notória exceção do cônsul da Noruega. Também não acredito que, examinado por uma comissão racial do Terceiro Reich, eu seria considerado ariano.
De vez em quando, não posso negar, me divirto bastante vendo na televisão cenas de conflitos entre europeus e, por exemplo, africanos, na França ou na Inglaterra. Africanos muitos dos quais têm uma hipócrita cidadania no país que ora os hostiliza e em cujo povo infundem quase terror. Dirão vocês que não há nada de divertido em testemunhar mais um exemplo da estupidez e do atraso humanos e, claro, sou obrigado a concordar. Mas é que desenvolvi um ângulo especial para enxergar essas coisas e fico curtindo o que chamo de revertério da colonização.
Outro dia, faz pouco, eu estava lendo um artigo do Jabor em que ele disse uma coisa para a qual eu já vinha procurando um jeito de dizer fazia muito, e não achava. Ele disse mais ou menos que vivia tendo de explicar a certos caras que não veio ao mundo com a missão de desancar Lula e que podia até elogiar, como elogiou (grandes coisas, eu também elogiei muito, no longínquo tempo em que Lula falava e eu acreditava). Pronto, pego o gancho e furto a comunicação. Faço minhas as palavras do nobre colega: eu tampouco nasci com a missão de falar mal de Lula e do governo. Falo porque às vezes é a única coisa sobre a qual falar (e só posso falar do meu ponto de vista) e porque às vezes acho que é minha obrigação de cidadão que, pelos acasos da vida, assina uma coluna em jornal grande. Posso até estar iludido pelas manifestações que recebo de leitores, mas muita gente me diz que escrevi exatamente o que ela gostaria de dizer e não achava como.
De vez em quando eu fico tenso com a vida na cidade grande, bombardeado por uma massa de opiniões e notícias contraditórias, contaminado pela paranóia geral e assombrado por todos os lados, que me dá vontade, como dá a muita gente, de me pirulitar, como se dizia antigamente. E, imagino que ao contrário da maioria dos que querem pirulitar-se, já tenho até aonde ir. Perdoem-me se repito o que disse o baiano Otávio Mangabeira, mas talvez alguns entre vocês ainda não conheçam essa observação. Segundo contam, ele disse que, quando o mundo acabar, a baianada só vai saber cinco dias depois.
Sei que, para os lulistas religiosos, a ressalva preliminar que vou fazer não adiantará nada. Pode ser até tida na conta de insulto ou deboche, entre as inúmeras blasfêmias que eles acham que eu cometo, sempre que exponho alguma restrição ao presidente da República. Mas tenho que fazê-la, por ser necessária, além de categoricamente sincera. Ao sugerir, como logo adiante, que ele não está regulando bem do juízo, ajo com todo o respeito. Dizer que alguém está maluco, principalmente alguém tido como sagrado, pode ser visto até como insulto, difamação ou blasfêmia mesmo. Mas não é este o caso aqui. Pelo menos não é minha intenção. É que às vezes me acomete com tal força a percepção de que ele está, como se diz na minha terra, perturbado da idéia que não posso deixar de veiculá-la. É apenas, digamos assim, uma espécie de diagnóstico leigo, a que todo mundo, especialmente pessoas de vida pública, está sujeito.
Muito já se procurou e se continua a procurar um nome para designar a curiosa organização política, jurídica, social e econômica brasileira. Singular fenômeno em toda a História da humanidade, não é, ainda neste estágio de nosso conhecimento, um desafio aos filólogos. Permanece ainda terreno para vastíssima investigação científica preliminar, feita por historiadores, sociólogos, economistas, antropólogos e mais inúmeros praticantes das chamadas ciências humanas, pois ninguém, como não ignora quem quer que já tenha tentado isso com um estrangeiro, sabe explicar o Brasil, nem como funciona nem por que funciona do jeito que (não) funciona. Talvez requeira um gênio sintetizador, que a Providência ainda não nos enviou.
-Você usa Viagra?- Viá...? Viagra? Ah, sim, não, não uso, só vi uma vez, na mão do João Pato, que me disse que também não usa, era uma amostra grátis que um médico amigo tinha dado a ele. Feliz-mente nunca precisei, não gosto de tomar remédio, melhor ficar no natural. De vez em quando eu tomo um chazinho de catuaba, mas é mais pelo efeito revigorante. Mas não tenha dúvida: se precisar, eu uso, não acho nada demais, é uma conquista da ciência moderna que a gente teve a sorte de ainda pegar.
Quando a constituição americana ficou pronta, Benjamin Franklin manifestou esperança quanto à sua adequação e permanência, mas fez a ressalva de que nada é certo nesta vida, a não ser a morte e os impostos - os famosos ''death and taxes'', que viraram uma expressão aplicável a muitas situações, inclusive metaforicamente. Deve ser usada milhares ou centenas de milhares de vezes nos Estados Unidos, todos os dias. Americano leva o dinheiro dele muito mais a sério do que nós, talvez porque roubem bem menos que a gente, em termos relativos. (Por sinal, desculpem, aceito vaias, mas para alguns de vocês deve ser novidade. Dizem que os japoneses inventaram uma fantástica máquina eletrônica de prender ladrões e começaram a fazer experiências em várias cidades do mundo. Botaram uma no aeroporto de Tóquio e, em uma hora, a máquina prendeu 56 ladrões. Botaram uma em Nova York e, também em uma hora, a máquina prendeu 205 ladrões no aeroporto. Em Paris, 176. E por aí foi, um sucesso em toda parte. Em seu caminho para o Brasil, a máquina pegou uma média de 118 ladrões/hora. Aí a botaram no aeroporto de Brasília e adivinhem no que deu? Não, não divulgaram os resultados. Na realidade, ninguém jamais saberá os resultados. Mas dessa feita não foi porque o governo escondeu, foi porque roubaram a máquina quatro minutos depois de ela ter sido instalada. Perdão.)
Links
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[2] https://www.academia.org.br/noticias/abl-discute-o-perfil-de-brasileiros-e-alemaes
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[4] https://www.academia.org.br/noticias/ao-vivo-abl-une-brasil-e-alemanha-no-trmj
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