A outra América Latina
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), em 03/06/2005
Ninguém discutirá que o maior trunfo até agora do Governo Lula é o do novo protagonismo internacional do Brasil. Largou-se, de vez do Prata, empolgou a América do Sul, chega até à mediação das Farc, contém e apóia Chavez, e se lança ao maior desdobramento intercontinental. Mas fica fora de tudo isso o México e este novo portento que, na prática, criou uma condição cada vez mais bipolar - senão contraditória - nesta latinidade do novo mundo. Tem demorado o contato do presidente com esta Norte-América talvez a esperar a mudança do Governo Fox, e a eventualidade de que seu amigo de décadas, Cuauhtémoc Cárdenas, represente um outro caminho entre o PRI e o liberalismo de Salinas, herdado pelo atual regime. Ou que dependa o futuro do avanço do prefeito da megalópole, López Obrador, figura também a ganhar uma outra dimensão de identidade e mobilização que a do populismo ou das máquinas de poder em que se cristalizou a enorme força sindical do país.