Em crônica anterior, comentei o esforço de Dilma em anunciar programas quase todos os dias, embora seu tempo mais precioso esteja comprometido com as faxinas internas, que colocam seu governo numa espécie de marca do pênalti. De uma hora para outra, pode surgir um malfeito que escape da faxina, e aí, sim, teremos uma crise tamanho família.
Na semana que passou, ela apresentou um novo programa de combate ao crack, que me pareceu, em tese, quase perfeito. Começa com a dotação da verba, em torno de R$ 4 bilhões -que pode ser muito ou pouco, mas já é alguma coisa. Várias ideias salvadoras do governo não chegam a sair do papel ou da cabeça das autoridades justamente porque falta dinheiro.
Acontece que R$ 4 bilhões chamam a atenção de diversos interessados e alimentam a cobiça daqueles que costumam esperar exatamente a generosidade governamental para os numerosos malfeitos que estão abalando a credibilidade da cúpula que nos guia e rege, nela incluindo Executivo, Legislativo e Judiciário.
O programa, como já disse, é bom, bem detalhado, dando lugar ao tratamento dos usuários, ao combate policial e à prevenção.
Mesmo assim, tem aspectos questionáveis, sobretudo no tratamento, pois defende a internação involuntária dos dependentes.
Por "internação involuntária" deve-se entender a pura e simples prisão, que muitos médicos condenam e fatalmente provocará uma superpopulação carcerária, ainda que disfarçada em internação hospitalar.
Detalhes à parte, de qualquer forma são medidas necessárias, dada a gravidade do problema que hoje não se limita às grandes cidades, mas atinge fundamentalmente o interior do país, onde o esclarecimento dos perigos da droga é deficiente ou simplesmente não existe.
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[1] https://www.academia.org.br/academicos/carlos-heitor-cony