Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Noticias > Ana Maria Machado abre Ciclo 1939 - O Trópico, Refúgio de Intelectuais e Artistas Europeus, na ABL

Ana Maria Machado abre Ciclo 1939 - O Trópico, Refúgio de Intelectuais e Artistas Europeus, na ABL

 

Sob coordenação geral do Presidente Cícero Sandroni, a Academia Brasileira de Letras e a Petrobras apresentam hoje, dia 1 de dezembro, às 17h30, o Ciclo "1939 - O Trópico, Refúgio de Intelectuais e Artistas Europeus".

Quando se completam 70 anos da invasão da Polônia pelas forças da Alemanha nazista de Adolf Hitler, a ABL homenageará intelectuais que, ao buscarem refúgio no Brasil, muito contribuiram para a Educação e Cultura de nosso país.

No primeiro dia do ciclo, a coordenação será da Acadêmica Ana Maria Machado. O Acadêmico Ivan Junqueira falará sobre Otto Maria Carpeaux, a escritora Barbara Freitag sobre Stefan Zweig e o Acadêmico Lêdo Ivo sobre George Bernanos.

O evento terá entrada gratuita.

Saiba mais

Otto Maria Carpeaux

Otto Maria Karpfen, austríaco, aos 20 anos ingressou na Faculdade de Direito, que abandonou para estudar química, física, matemática, filosofia e letras na Universidade de Viena. Em 1925, obtém o título de doutor e começa a trabalhar como jornalista. Em 1938, com a ascensão do nazismo, fugiu para a cidade belga de Antuérpia, onde ainda atuou como jornalista. No ano seguinte, com a eclosão da Segunda Guerra, mudou-se para o Brasil, naturalizando-se brasileiro cinco anos depois.
 
Carpeaux foi jornalista do Correio da Manhã, onde trabalhavam intelectuais como Graciliano Ramos, Aurélio Buarque de Holanda, Franklin de Oliveira, Antonio Callado, Alceu de Amoroso Lima e Carlos Drummond de Andrade. Foi também na imprensa que publicou boa parte de seus artigos e ensaios. Sempre divulgando autores estrangeiros, Carpeaux era um consistente homem de idéias. Foi diretor da Biblioteca da Faculdade Nacional de Filosofia e da biblioteca da Fundação Getúlio Vargas.
 
No final da década de 60, decidido a abandonar a crítica literária para se dedicar à luta política, sem maiores explicações, trocou o diálogo pelo combate político. Passa então a escrever dezenas de artigos para boletins semiclandestinos e publicações da chamada imprensa nanica. Crítico do regime militar, chegou a ser preso, por algumas horas, em 1967. Morreu no dia 3 de fevereiro de 1978, vítima de infarto.

Georges Bernanos

Georges Bernanos foi escritor e jornalista francês. Participou intensamente da vida política de seu país: foi soldado de trincheira na Primeira Guerra Mundial e repórter na Guerra Civil espanhola. Em 1917, casou-se com Jeanne Talbert d’Arc, descendente em linha direta de um irmão de Joana d’Arc.

Chegou ao Brasil aos 50 anos de idade acompanhado da mulher, seis filhos e de um sobrinho. Primeiro foi para Itaipava, no estado do Rio de Janeiro, depois residiu em Juiz de Fora, Vassouras e Pirapora onde escreveu Les enfants humiliés e tentou a criação de gado. Numa série de artigos posicionou-se contra o armistício franco-germânico. Durante a Segunda Guerra Mundial permaneceu no Brasil, residindo entre 1938 e 1945 em Barbacena, Minas Gerais, numa casa situada no bairro Cruz das Almas que lhe foi oferecida por amigos. Nesta casa escreveu Lettre aux Anglais, Le Chemin de la Croix-des-Ames e La France contre les Robots. Esta casa hoje se transformou no “Museu Georges Bernanos”. Ali veio a terminar a sua obra Monsieur Ouine, que publicou na França, por ocasião do seu regresso em 1946.

Stefan Zweig

Stefan Zweig, escritor austríaco, graduado em Filosofia e Letras, teve sua primeira coletânea de poemas, Silberne Seiten (Cordas de Prata), publicada em 1902.

Apaixonado pela literatura inglesa e francesa, traduziu para o alemão obras de Keats, Morris, Yeats, Verlaine e Baudelaire. Seu círculo de amizades incluía Rimbaud, Romain Rolland, Rainer Maria Rilke, Thomas Mann e Sigmund Freud, com o qual se correspondeu entre 1908 e 1939. Também foi amigo de Alban Berg, Ferrucio Busoni, Arturo Toscanini e Bruno Walter.

Seu sucesso como autor dramático foi confirmado em 1912, quando suas peças A metamorfose da comédia e A mansão à beira mar foram apresentadas em Viena. Durante a 1ª Guerra Mundial, em 1915, casou-se com a escritora Friderike von Winsternitz e fixaram residência em Salzburgo, por 15 anos. Foi uma das fases mais ricas de sua produção literária, quando escreveu as biografias de Dostoievski, Dickens, Balzac, Nietzsche, Tolstoi e Stendhal. Anos mais tarde lançou as biografias de Maria Antonieta, Fouché, Rilke e Romain Rolland. De 1920 e 1930, escreveu os romances Amok (1922), Angústia (1925) e Confusão de Sentimentos (1927), baseados na psicanálise.

Judeu, humanista, pacifista e crítico do nazi-fascismo, teve seus livros proibidos e queimados em praça pública. Em 1933, sua novela Ardor Secreto foi adaptada para o cinema, incitando a ira dos nazistas contra o escritor e seu contrato com a editora foi suspenso. Em 1934, Zweig iniciou sua peregrinação pelo mundo, inicialmente radicado na Inglaterra. Quatro anos mais tarde foi para Nova Iorque e acabou se mudando para o Brasil em 1941, quando escreveu Brasil, país do futuro. Morando em Petrópolis, cidade serrana do Rio de Janeiro, finalizou sua autobiografia O mundo que eu vi, escreveu a novela O jogador de xadrez, e deu início à obra O mundo de ontem, um trabalho autobiográfico com uma descrição da Europa antes de 1914.

Em 1942, deprimido com o crescimento da intolerância e do autoritarismo na Europa, e sem esperanças no futuro da humanidade, Zweig escreveu uma carta de despedida e suicidou-se com a mulher, com uma dose fatal de barbitúricos.

Vários de seus poemas foram musicados. O compositor Max Reger transpôs, entre outros, Herbst (Outono) e Ein Drängen ist in meinem Herzen (Um aperto em meu coração). O último poema de Zweig (Letztes Gedicht), escrito por ocasião de seus 60 anos, em novembro de 1941, foi musicado, no Brasil, pelo compositor alemão Henry Jolles, que conseguiu atravessar os Pirineus e chegar ao Brasil em 1940, radicando-se em São Paulo. O poema foi vertido para o português pelo poeta Manuel Bandeira. A partitura original do Último poema de Stefan Zweig faz parte do acervo da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.

 

27/11/2009

26/11/2009 - Atualizada em 26/11/2009