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Acadêmico José Murilo de Carvalho fala na Escola de Oficiais da PM

 

O Acadêmico, sociólogo e historiador José Murilo de Carvalho fez no dia 26 de junho, quarta-feira, palestra na Academia de Oficiais da Polícia Militar D. João VI, em Sulacap, para um público de mais de 300 alunos-oficiais, sobre as manifestações populares que movimentaram o Brasil nos últimos dias. Acompanhado na mesa pelo Comandante da Escola, Coronel Ibis Silva Pereira, e um dos organizadores da Feira, Écio Salles (o outro é Julio Ludemir), José Murilo de Carvalho criticou a ação de vândalos – cerca de apenas dois por cento, segundo suas contas – durante as passeatas, e criticou o despreparo dos policiais no enfrentamento com os manifestantes.

A proposta dos organizadores da Feira Literária Flupp Pensa é a de levar sempre um escritor de destaque para conversar com as pessoas das comunidades menos favorecidas que tenham Unidade de Polícia Pacificadora. Foi justamente numa dessas comunidades que a Presidente da ABL, escritora Ana Maria Machado, abriu a série de encontros, dia 3 de abril de 2012, em Santa Tereza. As feiras sempre contarão com a participação de personalidades da cultura carioca e se tratam de um processo continuado de formação de leitores e autores, o que vem ao encontro de uma das propostas mais incentivadas pela ABL. Os Acadêmicos Alberto da Costa e Silva e Cícero Sandroni também fizeram palestra na Academia de Polícia, ano passado.

José Murilo de Carvalho, depois de apresentado seu currículo por uma das alunas-oficiais, fez um histórico de algumas das muitas revoltas ou manifestações acontecidas no Brasil desde a época do Império. Lembrou da Guerra dos Canudos, da Revolta da Vacina, das Diretas, Já e do Impeachment do Presidente Collor. Falou também da Revolta do Vintém, de 1879, eminentemente popular, quando, nas ruas do Rio de Janeiro, então capital do Império, a população saiu de casa para protestar contra a cobrança de mais vinte réis (dinheiro da época), ou seja, um vintém, nas passagens dos bondes.

“Na revolta do Vintém, a população foi às ruas, virou os bondes e arrancou trilhos por onde passou. Houve quebra-quebra e confronto com a polícia do Imperador. O que temos hoje não é uma preocupação com os vinte centavos do aumento. O movimento contou com estudantes, a princípio, de classe média. E esse aumento pouco significa. O que deve ser entendido é que se trata de um avanço político e uma luta pelos direitos sociais dos cidadãos. O novo é que se reivindica a mobilidade urbana, ou seja, o fim das muitas horas que se leva de casa ao trabalho. Isso, sim, afeta o cotidiano das pessoas. Assim como acabar com as desigualdades, mais saúde, mais verba para a educação”, afirmou o Acadêmico.

Sobre os confrontos entre a Polícia e os manifestantes, José Murilo de Carvalho disse que o país está vivendo uma crise de representação e que é preciso prever os acontecimentos: “As reformas terão de vir e há um longo caminho nesse processo, que inclui também a Polícia. Os baderneiros representam apenas dois por centos dos manifestantes. Os outros 98% não podem pagar por eles. A repressão violenta ataca a todos e muitos são punidos por causa de uns poucos. Desta vez, os fatos são diferentes e os governantes foram pegos de surpresa, assim como a Polícia, que precisa entender o lado humano do povo. Policiar é conviver cotidianamente com as pessoas”, concluiu, antes de responder às muitas perguntas dos alunos.

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27/6/2013

27/06/2013 - Atualizada em 26/06/2013