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Artigos

  • Impeachment

    Folha de S. Paulo (RJ), em 10/02/2015

    O nome é feio e o significado é mais feio ainda. No entanto, a palavra está sendo falada e escrita, com perigosa insistência, tanto no jornais como nas tevês, na internet, e repetindo Nelson Rodrigues: nos botecos e velórios.

  • Salzburgo

    Folha de S. Paulo (RJ), em 08/02/2015

    São três horas de trem, saindo de Viena. A paisagem é quase alpina, arrumada, asséptica como um postal. O trem para numa cidade mais ou menos amaldiçoada pela história: Linz. Ela não tem culpa de nada. Apenas foi a cidade que Hitler amava, que considerava a "sua" cidade. Na verdade, o ditador nazista nasceu em outro canto, viveu em Viena, Munique e Berlim.

  • Ad petendam pluviam

    Folha de S. Paulo, em 03/02/2015

    O "Painel do Leitor" publicou, nesta semana, carta em que um cidadão reclama das orações que os católicos foram aconselhados a fazer pedindo chuva. Na opinião do missivista, em vez de pedir chuva, os católicos deveriam fazer uma cruzada para impedir os atentados ecológicos, sobretudo o desmatamento das florestas.

  • Prestação de contas

    Folha de S. Paulo, em 01/02/2015

    O general Figueiredo ao se despedir do povo brasileiro pediu que o esquecessem. Que estava ressentido, estava. Tanto que se negou a transmitir o poder ao seu substituto José Sarney. Sua assessoria de relações públicas exibiu em rede nacional um documentário de quase uma hora, mostrando as grandes realizações do seu governo.

  • Tradição ou atualização

    Folha de S. Paulo, em 27/01/2015

    Polêmica que nunca acabará: lembro uma briga antiga que empolgou não a plebe rude, mas a plebe erudita. Mais precisamente, o mundo lírico: tradição ou atualização? O pretexto foi a montagem de uma ópera, "Madama Butterfly", no Municipal do Rio. Deve-se atualizar o passado?

  • Não sabem o que fazem

    Folha de S. Paulo, em 25/01/2015

    Há algum tempo, num descuido de espaço e vontade, assisti a um programa do PC do B. Fiéis ao programa do partido, ao marxismo-leninismo, presos aos slogans superados, que durante anos transmitiam a seus membros, fiquei comovido. Tanto na fidelidade aos ideais antigos, quanto na ingenuidade de uma luta cujas coordenadas se diversificaram a tal ponto que a luta perdeu não apenas o sentido, mas a oportunidade.

  • Joana D'Arc do Planalto

    Folha de S. Paulo, em 20/01/2015

    Uma borboleta bate as asas na Tailândia. Na mesma hora, um furacão destrói metade da Flórida, derruba o Cristo Redentor do alto do Corcovado e o papa reinante morre de indigestão em Roma. Independentemente da história e da filosofia, os trancos da vida, os abrolhos do destino me fizeram jornalista contra a vontade e sem qualquer habilidade para a função.

  • Os canhões de Copacabana

    Folha de S. Paulo, em 18/01/2015

    Acontece que o sol exagerou. Ali, na altura do posto quatro, ele surgiu das águas, vermelho e doce apesar de tudo, jogando sua luz dourada sobre a cidade que amanhecia. Súbito, dei com a vista num imenso monstro na ponta do posto seis. Parecia um inseto repelente pousado sobre a pele da terra, um carrapato gigantesco, com duas garras levantadas para o céu coberto pelo ouro do Sol. Não era uma invasão de insetos repugnantes: apenas a silhueta de dois canhões que saiam de sua carapaça côncava e metálica, assinalando o Forte de Copacabana.

  • O quarto poder

    O Globo, em 13/01/2015

    Caí na asneira de ser jornalista antes do tempo, quando era moço, nada conhecia da vida e da profissão, nem a vida e a profissão me conheciam, nem tinham necessidade disso. Só me recuperei bem mais tarde, quando as coisas mudaram no mundo e em mim mesmo. E verdade seja dita, se o mundo e a profissão mudaram para pior, eu mudei para bem pior.

  • O grande fogo

    Folha de S. Paulo, em 11/01/2015

    Antigamente, não se atravessava uma rua, não se dobrava uma esquina sem esbarrar com um escoteiro ou com vários. Em geral, eram jovens mais ou menos militarizados, tinham um lema "Sempre alerta" e se comprometiam a fazer uma boa ação todos os dias.

  • O Velho e o Novo

    Folha de S. Paulo, em 04/01/2015

    2014 – Custou mas chegou! E olha que não foi mole: pensei que minhas desgraças não teriam fim. Ainda bem que você está aí!

  • Nostalgia perversa

    Folha de S. Paulo (RJ), em 09/12/2014

    O pior de um governo em crise é a sucessão ou o golpe. E pior do que o golpe é a esperança absurda de que uma solução autoritária que, além de atrasar o país, oprime o povo.

  • Impasse

    Folha de S. Paulo (RJ), em 07/12/2014

    Não entendo nada de economia, finanças e de coisa pública. E obro bem em nada entender. Pois o que me passa pela cabeça é justamente o óbvio: se o governo sabe que só há dois caminhos, um deles injusto e outro minado pela corrupção, há que reinventar todo o processo político e ideológico.

  • O DNA da corrupção

    Folha de S. Paulo(RJ), em 23/11/2014

    Já tivemos a saúva como inimiga preferencial. Ela não acabou com o Brasil, mas fez o que pôde. Policarpo Quaresma e Macunaíma deixaram duas advertências históricas: derrotou o personagem de Lima Barreto que acreditava no Brasil e serviu de mantra para Mário de Andrade lançar seu famoso anátema, "pouca saúde e muita saúva os males do Brasil são".