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Artigos

  • O sábio se basta

    O Globo, em 03/10/2021

    O livro era tão pequenininho que nem parecia um livro. Mas quando meu amigo anunciou um presente para mim, me facilitou a identificação do objeto em sua mão: “Trouxe um livro de presente para você.” Enquanto eu lia o que ia na capa bem editada da Auster, ele me explicava: “É um equívoco o que dizem dos cineastas brasileiros, que resistimos ao rodo que os governos querem sempre passar no cinema nacional, em nome dos mesmos ideais esquerdistas com que fazemos os filmes.” Ele apontou para o livrinho que eu abria naquele momento: “O que nós somos está aí: somos estoicos, como Sêneca!”

  • O Brasil entre o poder do horror e o horror do poder

    O Globo, em 26/09/2021

    Quando disse que o presidente só podia ser um rato, o boteco quase veio abaixo de tanto riso e palmas, de tanto protesto e vaias

    Há tempos que eu não via Joca, meu velho amigo privilegiado, morador de casarão em trecho exuberante da floresta. Se não fosse apenas pelo prazer de vê-lo e ouvi-lo, não podia recusar seu convite para “tomar uma cerveja e saber como andam as coisas no Brasil”. Fui intrigado.

  • Direita selvagem

    O Globo, em 19/09/2021

    O bolsonarismo existe independente do presidente Bolsonaro. Um dia, como todo ser humano, o presidente se acaba; mas a tropa que ele formar, não

    Agora, as vítimas da hora são os adolescentes. Em alguns países, já estão imunizando crianças de 2, 3 anos. Mas, no Brasil, o presidente telefonou para o ministro da Saúde e perguntou que negócio é esse de vacinar menores de idade. O ministro comunicou imediatamente à nação a decisão do chefe. O povo, sobretudo quem tem filhos, ficou perplexo, sem saber o que fazer. Estava indo tão bem!

  • Quem quer feijão

    O Globo, em 05/09/2021

    Se discursos de Goebbels e Mussolini são o que serve, o presidente deve estar se armando para combater a democracia

    No primeiro ano do atual governo, Roberto Alvim era secretário de Cultura num ministério estranho, não me recordo se o de Cidadania, Turismo ou o Não-tem-outro-fica-aí-mesmo. Homem de teatro, Alvim teve então que fazer um discurso solitário e bem ensaiado, não sei mais para que evento. Resumindo, Roberto Alvim teve a infeliz ideia de repetir um discurso do nazista Joseph Goebbels, compadre e amigo pessoal de Adolf Hitler, além de responsável pela Propaganda no governo deste. Alvim também mandou passar, no fundo do que dizia, um trecho de Wagner, acordes que Hitler (e o próprio Goebbels) mandava tocar nos encontros políticos do Partido Nazista.

  • Predação como vocação

    O Globo, em 08/08/2021

    O que guarda um museu? A memória da obra de um grande artista ou de um grupo de artistas com a mesma origem ou tendência. A memória de um tempo ou de uma prática determinada, um museu será sempre um elogio à memória, o reconhecimento dessa qualidade humana, exposição indispensável a quem deseja saber quem é e de onde veio.

     

  • A gente precisa de amor

    O Globo, em 25/07/2021

    O amor foi uma invenção dos dramaturgos gregos que acabou se tornando piloti indispensável, fundamento básico na construção da civilização ocidental. Sem sua criação, não haveria família, nem disciplina religiosa ou conceito de pátria, nada disso. Não haveria nem mesmo a mera ideia de amizade ou de simples colaboração entre seres humanos. O amor é mais uma dívida preciosa contraída pela civilização junto aos gregos de muito antigamente, o mais moderno e sempre renovável instrumento de integração social entre pessoas e bandos.

  • Lições de política no Brasil de Bolsonaro

    O Globo, em 18/07/2021

    O Ministério Público está cobrando da Ancine a contratação dos projetos aprovados, há mais de dois anos, pelo Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A agência tem 120 dias para resolver o problema que ela mesma criou colaborando, através da política de embaraço à produção, com o boicote do governo à cultura do país. Não sei se o presidente, no seu cantinho de hospital, vai tomar conhecimento dessa história. Mas, logo ou depois, vai certamente se aborrecer com o juiz que tenta, no que está a seu alcance, evitar que o Brasil caia numa Idade Média tardia, para onde Bolsonaro nos empurra com entusiasmo.

  • Não era de nosso feitio sofrer

    O Globo, em 11/07/2021

    Segundo o que escreveu Joaquim Ferreira dos Santos, em “Feliz 1958 — O ano que não deveria terminar”, aquele foi o ano que marcou o início de um novo Brasil que, na minha opinião, assumia o que já era desde muito tempo. “Niemeyer levantou as colunas do Alvorada, o Teatro de Arena levantou o pano e Tom Jobim levantou a tampa do piano”, diz a citação que Ricardo Cota faz, na magnífica biografia de Niomar Moniz Sodré, brasileira danada. “Ao fundo, levantando a voz, JK gritava: pra cima com a viga, moçada”. E a gente continuava a levantar o Brasil.

  • Xexéo para presidente

    O Globo, em 04/07/2021

    Há muito tempo que eu não ia ao Festival de Cinema de Brasília, do qual participara da criação, ainda no início dos anos 1960, com Nelson Pereira dos Santos e Paulo Emílio Salles Gomes fazendo dele catapulta para o lançamento nacional do Cinema Novo.

  • Tente sempre ser feliz

    O Globo, em 20/06/2021

    Na minha juventude de movimento estudantil, Daniel Ortega era um jovem revolucionário da Nicarágua, país caribenho vítima da longa e cruel ditadura entreguista de Anastasio Somoza. 

  • Uma notificação de Deus

    O Globo, em 30/05/2021

    Meu projeto com os dinossauros foi um grande fracasso, eu sei. Quase me acabei de depressão. Mas vou começar essa história do princípio.