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Artigos

  • A palavra em Sartre

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 14/09/2004

    Sabemos que a palavra é a base do pensamento e de tudo o que de lá sai e vira escrita. Com ela amamos, odiamos, gritamos, xingamos, pedimos pão. O haver Jean-Paul Sartre produzido um livro exclusivamente sobre palavras, numa espécie de autobiografia cultural, explicando como haviam "Les mots" entrado em sua vida, teve um firme significado no entendimento de sua obra, não só literária, mas também a de puro teor filosófico, um "L' être et le néant" ou "Critique de la raison dilactique".

  • A volta de Jorge

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 07/09/2004

    Promoveu a Academia Brasileira de Letras na última semana o lançamento do livro em que se reúnem cinco histórias de Jorge Amado. Edição especial, ilustrada, feita pela Casa da Palavra de Salvador e pela Fundação Casa de Jorge Amado.

  • Vinte e cinco anos sem Dalcídio

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 31/08/2004

    Quando morreu, em 1979, perdeu a literatura brasileira um de seus maiores romancistas de qualquer tempo. Pois isso foi, com toda a certeza, Dalcídio Jurandir. Nascido em 1909, na Ilha de Marajó, mestiço de três raças - a branca, a negra e a indígena - explodiu ele na literatura brasileira ao ganhar em 1938, com seu romance "Chove nos campos de cachoeira", o até hoje famoso concurso literário do jornal "Dom Casmurro", em cuja direção estava Jorge Amado. Foi o começo.

  • Navegar é preciso

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 24/08/2004

    Navegar é preciso, sem dúvida. Como também escrever é preciso. Mapa da Europa, no fim do século XV, nos mostra Portugal como om "fim do mundo", uma verdadeira "finisterra", além da qual tudo era mistério. A latinidade ali se espremia - e também se exprimia - e terminava diante do mar. Para vencer aquele obstáculo, era preciso navegar.

  • Poesia, mito, palavra

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 17/08/2004

    Deseja o autor destas linhas informar, antes de tudo, que há muito esperava fosse este livro - "A deusa branca" ("The white goddess"), de Robert Graves - traduzido no Brasil. Trata-se de um estudo completo sobre a existência da poesia. Pois há poucas semanas "The white goddess" foi aqui publicado em português. Numa de suas primeiras páginas o autor pergunta: "Qual é a utilidade da poesia hoje? A função e o uso permanecem os mesmos, apenas sua aplicação se alterou".

  • O método em Proust

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 10/08/2004

    Há sempre, no caso do maior escritor do século XX, que se atentar para o Método. Pois nisto reside o plano mais largo da obra de Marcel Proust. Livros como o de Edmund White, da maior utilidade no entendimento das "experiências proustianas", estuda com pormenores as figuras que cercaram Proust, principalmente Robert de Montesquieu, mas não se preocupa demasiadamente com a técnica literária do autor.

  • Presença de Cyro

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 03/08/2004

    Mesa-redonda, promovida na semana passada pela Academia Brasileira de Letras, tratou da obra de Cyro dos Anjos, sobre a qual falamos Ledo Ivo, Sábato Magaldi e o autor destas linhas.

  • A narração em versos

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 27/07/2004

    O homem começou a falar em verso, não em prosa. Suas frases iniciais eram curtas, cadenciadas, muitas vezes repetindo sons e criando, com isto, a rima. Até hoje, grande parte de pensamentos adota o verso. Provérbios e anexins condensam filosofias e deles já se fizeram dicionários. A fala em prosa viria mais tarde quando conjuntos de palavras foram levadas a explicar tudo e o homem precisou de uma lógica para lidar com o dia-a-dia.

  • O senhor do futuro

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 20/07/2004

    Com a morte de Agenor Miranda Rocha, no último fim de semana, aos 96 anos de sua idade, perdeu o Brasil o seu "oluwô" (profeta) e perdeu a cultura afro-brasileira a sua grande figura. Nascido em Angola, filho de diplomata português e mãe angolana, aos seis anos veio para o Brasil, tornando-se entre nós o conhecedor e intérprete por excelência de um pensamento religioso africano que se expandiu por muitas regiões do País.

  • Centenário de Neruda

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 13/07/2004

    Poeta nascido no Chile, a 12 de julho de 1904, está a memória de Pablo Neruda sendo lembrada, esta semana, em toda a América. Poucas vezes conseguiu um poeta representar um Continente inteiro e tornar-se, no resto do mundo, o apóstolo de um movimento poético posto a serviço das mais generosas aspirações de um tempo.

  • O fascínio de um romance

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 29/06/2004

    O que, em primeiro lugar, se destaca neste romance de Amélia Sparano, "A espectadora (Entre o ocaso e o amanhecer)", é sua agilidade narrativa, pois, como se trata de uma história que repousa sobre personagens, a dinâmica do relato mantém um movimento incessante de situações que a romancista, como "espectadora", acompanha, minuto a minuto, de tal modo que é toda uma fascinante faixa de emoções que ela, como narradora, passa para o leitor.

  • Tragédia em ficção

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 22/06/2004

    Numa lista dos melhores romances de todos os tempos, feita há cerca de 50 anos na Europa, "Judas, o obscuro", de Thomas Hardy, ocupou o sexto lugar. A pergunta foi renovada, em Paris e em Londres no começo deste novo milênio, e "Judas" manteve sua posição. Listas e respostas a inquéritos não passam de opiniões, mas a escolha de Hardy como romancista merece atenção porque, ao ser publicado, em 1895, "Judas" foi classificado, por uma parte ponderável da crítica literária inglesa, como "lixo".

  • Retrato de um tempo

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 15/06/2004

    O romance de Fernando Sabino, "O encontro marcado", posto nas livrarias nos anos 50 do século passado, escrito em estilo ao mesmo tempo nervoso e firme, contou a história de uma geração. Nele, o autor pôs a nu o caminho percorrido pelos jovens que, de 1935 a 1950, haviam começado a ser gente, a constituir família, a escrever, discutir, fazer perguntas e a desperdiçar palavras, tempo e amor. Por ter sido um livro sofrido, um romance feito de angústia, foi que Fernando Sabino atingiu, nele, o clima de emoção que pertence normalmente à poesia.

  • O mundo de Kafka

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 08/06/2004

    Estamos, em várias partes do mundo, lembrando Franz Kafka neste junho, que marca os 80 anos de sua morte. Era 1924. Atacado pela tuberculose, deixara Praga e fora internado numa clínica particular nos arredores de Viena. Por ocasião de um congresso literário na Áustria, fui visitar o local em que passara suas últimas semanas de vida.

  • A insubmissão de um poeta

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro - RJ), em 25/05/2004

    A medida do verso, a métrica, o ritmo, a cadência, a pulsação de um grupo de palavras dispostas em determinado jeito, tudo o que dá à poesia seu caráter de canto, de cântico, de cantiga, de peça oral vocabular, de monólogo cantado em silêncio, tudo está ligado a movimentos e ao compasso da vida comum dos homens, a seus ritos cotidianos e a seus passos, rápidos ou mansos, em cima de um chão.