Portuguese English French German Italian Russian Spanish
Início > Artigos

Artigos

  • A dimensão de Proust

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 12/07/2005

    Há 91 anos eram postos nas livrarias de Paris os primeiros exemplares de "Du côte de Chez Swann", primeira parte de "A la recherche du temps perdu". Exatamente em 14 de novembro de 1913, Proust via realizado seu sonho, embora houvesse tido de financiar a edição do livro que fora recusado pelo "Figaro" em 1910 e por Fasquelle, pela "Nouvelle revue française" e pelo editor Ollendoff em 1912 e começos de 13. Afinal, Bernard Grasmet aceitou publicá-lo, o autor pagando.

  • Caminhos da insubmissão

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 05/07/2005

    Dentre os livros de Henry Miller, um há que pode ser considerado um "Evangelho da Insubmissão". É o volume chamado "Tempo dos assassinos". Nele, ao estudar Rimbaud, o que Miller faz é um levantamento completo dos insubmissos dos últimos dois séculos. De Shelley, Blake, Stendhal e Hegel até Baudelaire, Poe, Conrad, Claudel, Dostoevski, entre outros, mas o insubmisso mais desabrido é Rimbaud.

  • Um romancista

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 28/06/2005

    No movimento natural de uma literatura, atividade subordinada ao tempo como tudo o mais, temos de vez em quando a necessidade real de rever livros e reavaliar tendências. Romances da segunda metade do século passado, quando se exigia que as mudanças fossem claramente identificadas, precisam ser reeditados a fim de que os julgamentos de então passem também por nova análise.

  • Patrocínio: 100 anos

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 21/06/2005

    O centenário da morte de José do Patrocínio, que ocorre este ano, está sendo comemorado pela Academia Brasileira de Letras, de que ele foi membro fundador, tendo nela ocupado a cadeira nº 21 (seus sucessores foram Mário de Alencar, Olegário Mariano, Álvaro Moreyra, Adonias Filho, Dias Gomes e Roberto Campos, nela se encontrando atualmente Paulo Coelho).

  • Os livros de Machado

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 14/06/2005

    Haverá na realidade um mistério Machado de Assis? Assim pensava meu amigo William Grossman, professor na Universidade de Nova York. Era ele um machadiano completo. Especializara-se no escritor brasileiro e dava aulas sobre a obra de Machado.

  • Tempo de poesia

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 07/06/2005

    É com palavras que se fazem poemas. Com palavras e com letras, sons, riscos, traços, mas também com o silêncio. Há um silêncio que segura versos, cesuras, ritmos, tornando-os mais significativos. Sob esse aspecto, a boa prosa e a boa poesia se ligam intimamente quando buscam pelo ser.

  • Presença de Evaristo

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 31/05/2005

    Em seus 15 anos de atividade política intensa - de 1822 a 1837 , quando morreu - contribuiu Evaristo da Veiga decisivamente para estabilizar um Império e preservar a integridade do território brasileiro, em tempos que dividiram a América do Sul espanhola em nove países diferentes, além de esfacelar a América Central, também espanhola, em unidades políticas pequenas. Era no tempo do Rei, como diria Manuel Antônio de Almeida, e nele o menino Evaristo, que nascera em 1799, iniciara seu contato com os livros, trabalhando, com o irmão mais velho, João Pedro, na livraria do pai.

  • Do verso como chuva

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 24/05/2005

    O poeta Waldemar Dias da Cunha, que em vida publicou um livro apenas e deixou, ao morrer, poemas em número suficiente para mais oito volumes, representou e representa a adoção da poesia como forma de conhecimento. Conhecimento pela encantação, conhecimento pela repetição, pelo transe, conhecimento direto, feito bala de revólver que penetra sem cerimônia na realidade, o que transforma o ato de fazer poema num ato de purgação e de curtição. No fundo, um ato religioso.

  • Os demônios interiores de Machado

    Jornal do Brasil (Rio de Janeiro), em 18/05/2005

    Que fazer com Machado de Assis neste começo de milênio? Como enfrentá-lo? Temos de responder a estas perguntas entre agora e 2008. Parece longe? Está perto. É que, em 2008, estaremos comemorando o centenário da morte de Machado. Elevado pelo país que foi dele e é nosso ao comando mesmo da cultura de uma nação, Machado de Assis inventou o Brasil tal como Dante inventara a Itália e Shakespeare determinara a invenção da Inglaterra. Machado criou cada um de nós, formou-nos, plasmou-nos. Com todas as diferenças de nossa heterogeneidade, somos o que Machado de Assis fez de nós.

  • O poema de um povo

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 17/05/2005

    O poema brasileiro por excelência, o poema que fala por nós, que nos representa e que nos fixa para sempre como País que tem alguma coisa de novo para dizer ao mundo - "Invenção de Orfeu", de Jorge de Lima - sai agora em nova edição. Para que chegássemos a essa "Invenção", foram necessários, ao Brasil, mais de quatro séculos de caminho percorrido, de idioma revivido, recriado, recapturado, de experiências dirigidas em várias profundidades, à espera de uma nova seiva de palavras e de sons fornecidos pela terra que é nossa. E o poeta que atingiu esse ponto de desbravamento, Jorge de Lima, teve de percorrer sua própria trilha, durante um bom tempo, em versos de boa feitura, mas ainda não enquadrados no espírito de todo um povo.

  • O mar de pessoa

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 10/05/2005

    Seguir a trajetória de Fernando Pessoa no livro de Maria José de Lancastre, que tem o subtítulo de "Uma fotobiografia", é ter a oportunidade real de surpreender os momentos em que o poeta optou por uma escolha, abandonou uma tendência e fixou os rumos de sua vida. Tendo sido criado em Durban, na África do Sul, tornou-se aluno de língua inglesa, idioma em que também escreveu seus primeiros poemas e ensaios.

  • Schmidt, o brasileiro

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 03/05/2005

    Toda biografia é de certo modo romanceada. A autobiografia também. Quem escreve e descreve o que foi vida de outrem insere sempre no seu trabalho sua própria experiência de vida e/ou sua interpretação dos acontecimentos narrados.

  • O poeta e seu apocalipse

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 26/04/2005

    Vejo, na poesia de Luís de Miranda, uma longa caminhada em busca de verdades, cada uma delas mostrando o caminho de um apocalipse em que há profecias, quedas, recuperações, gritos, momentos de êxtase. No fundo, este longo conjunto de versos, numerado de um a 200, é, na realidade, um só poema, com interpretações, apelos, tormentas, visões, lutas contra anjos e demônios, abismos, ao mesmo tempo em que a memória interfere, o coração bate e o poeta mergulha na palavra, ceva a palavra, sai do mar das palavras com feições de quem, afinal, compreendeu que podia voar e, de cima, dominar as frases que, em baixo, continuadamente se agitavam, em ondas, muitas vezes revoltas, outras mansas.

  • História de uma paixão

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 19/04/2005

    Em seu romance de agora, "O Zahir", atinge o mundo lúdico de Paulo Coelho um novo horizonte, num livro em que o misticismo aparece como base de uma história de amor. "O Zahir" é, como não podia deixar de ser, romance contado na primeira pessoa, com as qualidades que essa forma de narrativa exige, principalmente nos aprofundamentos que o autor provoca, ao examinar os momentos de abandono e desespero por que passa a paixão levada ao extremo de si mesma.

  • Poeta como poucos

    Tribuna da Imprensa (Rio de Janeiro), em 12/04/2005

    Houve, de certo modo, em muita poesia feita depois de 1914, uma ruptura interna, uma como que desintegração que foi, em relação ao assunto, até o excesso do surrealismo, e caiu, quanto ao ritmo, na quebra muitas vezes forçada e artificial do verso, com o abuso de alguns recursos postiços da divisão poética.