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Artigos

 
  • O Papa, no dia seguinte

    A avalanche da acolhida universal do Papa Francisco envolve, de imediato, a previsão do seu segundo tempo, ou de como vão se comportar as expectativas, após o impacto da escolha do Papa Bergoglio. De saída, no inevitável con-tra-tom, a nova imagem internacional foi à mídia, com o máximo detalhe, na alegada colaboração do Bispo Bergoglio com as autoridades militares, na eventual denúncia de padres de esquerda. De toda forma, o pontificado vai avançar, sem restolho, nem bombas de tempo, pela contundência dos desmentidos do único Prêmio Nobel da Paz argentino, Perez Esquivei, exatamente sobre Direitos Humanos. A recepção crítica insiste, por outro lado, em que o debruçar do Papa Francisco sobre os pobres pode permitir uma "retórica da caridade", ou a concentração das dimensões sociais do pastoreio, numa clássica política assistencialista. O pontífice, numa visão realmente global do seu ministério, penetraria nas próprias estruturas dos modelos da prosperidade contemporânea, a acelerar a concentração de renda, em todos os quadrantes da atualidade.

  • Festa da democracia

    Foi uma noite em que a Justiça brasileira foi homenageada: o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, recebeu o prêmio Personalidade do Ano, e o ex-presidente do STF Carlos Ayres Britto, o de Destaque do País. Ambos têm em comum o fato de terem presidido o julgamento do mensalão, um marco na História política do país.

  • Guerra federativa

    Além do recurso interposto pela Mesa do Senado Federal contra a liminar concedida pela ministra Cármen Lúcia na Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) da Lei dos Royalties, três estados da Federação peticionaram requerendo a participação no feito como amicus curiae (amigos da Corte em latim), isto é, partes interessadas na causa. Dois deles, Paraíba e Alagoas, não trazem argumentos novos, mas a manifestação do Rio Grande do Sul, no entanto, introduz uma questão interessante, ainda que superficialmente, que pode ser um dado novo na discussão no Supremo.

  • Em busca da verdade

    A Comissão da Verdade passa por um processo interno de debate para definir qual seu verdadeiro objetivo, se promover uma catarse nacional para superar os traumas causados pela ditadura militar, como querem alguns de seus membros, ou preparar um relatório que deixe registrado para a História o que foram os tempos da ditadura, além de documentos que possam ser consultados na internet pelos interessados. Além da discordância de fundo entre seus membros, há discordância também sobre os procedimentos a serem adotados.

  • 'Urbi et orbi'

    Apesar da idade, que é provecta, mas não necessariamente sábia, ainda não me decidi se sou presidencialista ou parlamentarista na questão de regime de governo. Aliás, e para ser sincero, não somente nessa questão, mas em quase todas as outras continuo sem saber se sou isso ou aquilo e não perco o sono nem o rebolado por causa disso.

  • Peitos pelo progresso

    Como já tive oportunidade de comentar aqui diversas vezes, Itaparica sempre esteve na vanguarda e não raro puxou o bonde nacional. Assim foi quando, depois de os aturarmos durante quase um ano, na época do padre Vieira, enchemos o saco de tantos vanderdiques e vanderleis e botamos os holandeses da ilha para fora — e tudo às carreiras, tanto assim que vários ficaram para trás, para usufruto das conterrâneas mais necessitadas ou mais assanhadinhas, assim se originando as flores que são nossas mulatas de olhos verdes, as quais vem gente de todo o mundo para conhecer. Quase dois séculos mais tarde, se não fosse a ilha, talvez não houvesse independência, pois a convicção dos historiadores sérios é de que o grito do Ipiranga não passou de gogó e sair mesmo no tapa com os portugueses foi na ilha e redondezas.

  • A missão da mentira

    Ontem foi o dia universal da mentira. Já me explicaram milhões de vezes as razões de uma data tão inútil, que pode funcionar para brincadeiras inocentes, mas sem equivalente no calendário: não há um dia dedicado à verdade. Até mesmo a comissão que foi criada para descobrir uma verdade recente parece que ainda não se entendeu e muita gente desconfia que nunca se chegará ao seu objetivo.

  • O limite da ineficiência

    Já que a principal qualificação da presidente Dilma Rousseff é a excelência gerencial, pelo menos na propaganda oficial, analisemos seu governo à luz da organização de sua estrutura administrativa, agora que mais uma secretaria com status de ministério, a da Micro e Pequena Empresa, foi criada. São 24 ministérios, mais dez secretarias ligadas à Presidência e cinco órgãos com status de ministério, ao todo 39 ministérios, um recorde na História do país, além de uma dimensão que está dentro do que se conhece como “coeficiente de ineficiência”, definido em estudo, já relatado aqui na coluna, de três físicos da Universidade Cornell, Peter Klimek, Rudolf Hanel e Stefan Thurner, depois de analisarem a composição ministerial de 197 países.

  • A despedida de um grande amigo

    Pede-me o confrade Marcos Vinícius Vilaça que, na sessão de saudade da Academia Brasileira de Letras, em homenagem ao já saudoso escritor João de Scantimburgo, faça suas as minhas palavras.  É o que farei, com a dor de uma ausência muito sentida. Desde que me foi apresentado pelo amigo comum, Austregésilo de Athayde, companheiro das lides jornalísticas, estabeleceu-se entre nós uma clara empatia, reforçada em 1993 pela viagem a Portugal, para o julgamento do Prêmio Camões de Literatura.  Foi conosco outra figura estelar da Casa de Machado de Assis, o jurista e escritor Oscar Dias Correa e assim pudemos compor um trio harmonioso, que fez justiça à nossa querida Rachel de Queiroz.  Foi ela a vencedora do prêmio, com amplos méritos.  Scantimburgo era um homem simples, que vivia para o seu labor, a que acrescentava com muito gosto a elaboração de bem cuidados livros sobre a realidade brasileira.   Nosso último encontro foi numa visita à Academia Paulista de Letras, a que ele emprestava o brilho do seu talento.  Diretor do “Diário do Comércio”, sempre acolheu em suas páginas a colaboração de acadêmicos e amigos queridos, como foi o nosso caso, o que o fez credor de uma gratidão infinita.

  • Desencontros

    Temos visto nos dias recentes diversas explicitações do desencontro que afeta a base aliada do governo, inevitável quando se tem uma coligação tão ampla quanto desigual, que abriga nada menos que 14 partidos aliados tão díspares quanto PT, PMDB, PSB, PCdoB, PDT, PP, PR, PTB, PRB, PHS, PTC, PT do B, PMN e PSC. A ofensiva do PT contra o pastor Marco Feliciano, que assumiu a Comissão de Direitos Humanos na Câmara por acordo com o próprio PT e demais partidos da base governista, em troca de o seu partido, o PSC, ter dado apoio à presidente Dilma na eleição de 2010 é apenas o exemplo mais escandaloso de aonde podem levar essas “alianças de resultado”.

  • Entre iguais

    Provavelmente o pastor Marco Feliciano vai perder seu cargo de presidente da Comissão de Direitos Humanos, e talvez até mesmo seu mandato de deputado federal, por palavras e atos. Suas palavras e atos, no entanto, não o impediram de ser eleito para presidir uma comissão que já foi das mais procuradas pelos grandes partidos, especialmente os de esquerda, quando não estavam no poder. Alcançado o objetivo prioritário, que é também o dos políticos evangélicos, a Comissão de Direitos Humanos passou a ser descartável, o que deu margem a que outros aventureiros a cobiçassem.

  • Nossos trunfos lá fora

    A última reunião da Aliança das Civilizações, das Nações Unidas, em Viena, salientou a importância da política internacional do Brasil, inclusive num confronto com as demais nações do grupo dos BRICS, que alteraram, de vez, os caminhos da globalização hegemônica, como ainda prevista há uma década. O país teria, numa distinção nítida com a Índia, China, Rússia e África do Sul, componentes únicas neste protagonismo externo, que ainda mal desponta. E, de saída, pelo quadro intercontinental em que avança, no reconhecimento de sua presença  crescente no mundo africano. Sai-se, de vez, neste quadro prospectivo, da moldura latinoamericana, e, sobretudo, quando amarrado ao velho e gasto contraste entre centro e periferia, no contraponto com os Estados Unidos. Avança nossa presença  em Angola e Moçambique, assim como, em bem de todo o continente, pelo contributo financeiro do Brasil para uma legítima lítica de desenvolvimento, fora dos antigos assistencialismos do último meio século. O País superou a sua moldura geográfica clássica e, por sobre qualquer velha política de blocos, enfrenta hoje uma ação diversa e plural com os países fronteiriços. Defronta as políticas de crescente assistencialismo com o Paraguai e a Bolívia, nas transferências de recursos naturais, como no caso dos nossos direitos ao potencial energético das Sete Quedas, ou das trocas petrolíferas e de gás natural com o governo de La Paz.

  • Saúde!

    Hoje, cativante leitora, airoso leitor, é o Dia Mundial da Saúde. Eu não sabia, descobri enquanto estava na cozinha, esperando a água do café esquentar e, por falta do que fazer, lendo uma folhinha de padaria pendurada atrás da porta. Imagino que, pelo País afora, devem estar sendo realizados inúmeros eventos oficiais para dar serventia à data, conforme é costumeiro em nossa diligente administração pública. Tomada da pressão arterial na pracinha, fornecimento gratuito de camisinhas à juventude, palestras sobre alimentação sadia e exercícios físicos, caminhadas coletivas em parques públicos, farta distribuição de escovas de dente e lenços de papel e o que mais ocorrer à renomada criatividade nacional, principalmente se render uma propagandazinha comercial, uns votinhos ou um desviozinho de verba maneiro.

  • Palpites de cocheira

    Equilibrado, de natureza conciliatória, FHC parece que perdeu um pouco de sua paciência e deitou falação contra a falta de união do PSDB, do qual é presidente de honra e seu maior expoente.

  • Sem consenso

    Dificilmente vai haver condições de votar uma proposta de reforma política por esses dias, como quer o presidente da Câmara Henrique Alves. Não há um projeto consensual, e ainda não se viu a proposta formal do projeto do deputado petista Henrique Fontana, que tem oferecido a seus pares apenas uma ideia do que pretende. O que ele diz que será “uma pequena modificação em relação ao modelo vigente” na verdade parece uma tentativa de aprovar o voto em lista sem dizer o seu nome.