
Se Deus quiser
Uma leitora escreveu para o jornal reclamando que “tem uma turma implicando com a religiosidade de Bolsonaro”.
Uma leitora escreveu para o jornal reclamando que “tem uma turma implicando com a religiosidade de Bolsonaro”.
O primeiro a sacar que o ano de 1968 terminou no Brasil no seu cinqüentenário foi Elio Gaspari. “(...) Nesta, (eleição) derrubou peças de dominó. (...) Talvez o ano de 1968 tenha terminado no Brasil durante seu cinquentenário. (A bandeira “Seja Marginal, Seja herói”, de Hélio Oiticica, é de 68.)”.
Jair Bolsonaro, o candidato do PSL - Partido Social Liberal, foi eleito o novo presidente do Brasil, e no discurso que fez, no anúncio de sua vitória, prometeu transformar o Brasil em uma grande, livre e próspera nação, “reduzindo a sua estrutura e a burocracia, cortando desperdícios e privilégios, para que as pessoas possam dar muitos passos à frente”.
A relação do futuro governo Bolsonaro com o Congresso promete ser conflituosa, a depender das declarações de assessores do círculo próximo ao presidente eleito.
É preocupante o rumo que Jair Bolsonaro parece querer imprimir à política externa, que poderá pôr em risco a credibilidade das instituições brasileiras e promover a importação de ódios e terrorismo, em vez de exportar concórdia, resultante do convívio harmônico entre judeus e árabes, de que o país é exemplo.
O debate sobre a nomeação do juiz Sérgio Moro para o ministério da Justiça com superpoderes no governo Bolsonaro levantou pontos relevantes sobre a relação entre os Poderes da República, e o exercício da política para além do jogo partidário.
A última vez que isso aconteceu foi em 2003, quando houve uma troca de guarda na política brasileira, saindo o PSDB que governara o país por 8 anos, chegando o PT.
A nomeação do juiz Sérgio Moro para um ministério da Justiça ampliado, que tratará também da segurança e dos crimes financeiros, foi uma iniciativa meritória do presidente eleito Jair Bolsonaro, além de movimento político certeiro.
Além de uma escolha simbólica, que marca o compromisso, não apenas retórico, do futuro governo Bolsonaro com o combate à corrupção no país, o Ministério da Justiça poderia ser uma etapa para a nomeação do juiz Sérgio Moro para o Supremo Tribunal Federal (STF) mais adiante.
Bolsonaro ganhou com mais de 11 milhões de votos de diferença, a vantagem é grande, mas foi eleito com um índice recorde de rejeição, e não teve a maioria dos votos totais. Nem os votos do Bolsonaro são todos dele, nem os votos do Haddad são do PT.
A vitória expressiva de Jair Bolsonaro indica que as idas e vindas das pesquisas eleitorais captaram a repulsa a seu discurso exaltado a manifestantes na Avenida Paulista no domingo passado, mas não o recuo do presidente eleito, que chegou a perder votos na reta final devido a seu extremismo, mas os recuperou em boa medida ao se mostrar sensível à reação da opinião pública.
Com a eleição de Jair Bolsonaro, chega ao fim a campanha eleitoral mais exacerbada de nossa história, numa disputa de rejeições. Uns festejam a vitória e tripudiam, certos de que são os bons. Outros, derrotados, buscam bodes expiatórios e juram revanche. A poeira precisa assentar, pelo futuro de todos.
A importância desta eleição presidencial é dada pelo clima de radicalização política que a dominou.
O que poderia ser uma “onda vermelha” não se confirmou. Nenhum fato novo ocorreu ontem para reforçar essa possibilidade, e a média das pesquisas divulgadas mostra uma situação estável, indicando que o segundo turno está praticamente definido a favor de Bolsonaro.
A redução da diferença entre Jair Bolsonaro e Fernando Haddad na reta final da campanha adiciona mais emoção a um resultado que parecia já estar dado.