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São Luís, Ilha do Amor

 

Essa expressão de “São Luís, Ilha do Amor” é recente. Nasceu há alguns anos, criada por algum medíocre marqueteiro, naturalmente para incentivar o turismo. Um pouco como o meu saudoso amigo Moacyr Neves, quando disse que seu hotel era “Casa da Fertilidade” e que todo casal que ali se hospedasse em lua de mel podia esperar receber em nove meses o primeiro membro da nova família. E, assim, Ilha do Amor devia ser o Hotel do Amor do Moacyr.

Quanto a “São Luís, Atenas Brasileira”, foi realmente a constatação da existência de tantos nomes ilustres — poetas, ensaístas, historiadores — entre nós. Foi a época de ouro da cidade, que passou a ser conhecida no Brasil pela veneração à Deusa da Cultura, e quem assim chamou-a não fomos nós, mas os grandes escritores do Brasil. O primeiro que me lembro de ter assim nos designado foi Capistrano de Abreu, que, não satisfeito desse elogio, ele que era historiador, acrescentava que João Lisboa era quem melhor escrevia História no Brasil.

Quando a Academia Brasileira de Letras foi fundada havia, na composição do seu quadro, entre patronos e fundadores, doze maranhenses.

Em meados do século passado Amaral Raposo, jornalista brilhante e de excelente humor, parodiava que estávamos nos tornando em “apenas” brasileira. Depois, numa expressão mais recente que “Ilha do Amor”, passamos de ser a Atenas para ser a Jamaica brasileira, e se dizia isso com muito orgulho.

Outro dia um amigo meu veio comentar comigo que atravessávamos um período de vacas magras nas letras e nas artes. Eu contestei. Nunca se publicou tanto no Maranhão quanto agora. Acontece é que houve um deslocamento dos núcleos culturais. Atualmente a troca de estudantes e a emigração de maranhenses para fazer mestrado fora do Estado fizeram com que as universidades se apropriassem do movimento cultural, e livros e teses têm saído, algumas de alto valor, abordando uma gama ampla de assuntos que enriquecem nossa bibliografia e servem de precioso subsídio para os leitores maranhenses.

Por outro lado, o Instituto Geia tem feito um trabalho admirável com uma coleção valiosa que hoje já dispõe de mais de trinta títulos, com livros de extrema utilidade. Basta citar dois: “A História da Música no Maranhão”, em três volumes, com partituras e o extraordinário e admirável acervo recolhido pelo Padre Mohana; o outro é a coleção de gravuras de Arthur Azevedo que representa um repositório de obras de arte da maior importância. Algumas gravuras só existem ali. É um valioso documentário que vai despertar pesquisas nacionais e estrangeiras.

Assim, São Luís continua sendo Ilha do Amor, Atenas Brasileira, Apenas Brasileira, Jamaica Brasileira. E, nessa diversidade, o que São Luís e o Maranhão são — e em grau divino — é nossa devoção: saudades dos tempos que passaram e dos gloriosos momentos do futuro

O Estado do Maranhão, 22/11/2015