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O consenso e o sufoco das esquerdas

 

Essencial a toda democracia é a viabilidade, sempre, da alternativa diante das unanimidades políticas. Perdem-na os governos de consenso, que acabam na imobilidade do status quo. Não é outro o intuito, hoje, de Temer, que, inclusive, convidou o PT, para não deixar sem restos o seu somatório partidário.

Foi em resignação que o Bolsa Família se incorporou ao seu programa, e,finalmente, terminou-se por recusar o imperativo do aumento tributário. A proposta inicial ia à privatização e ao descarte do papel do Estado em nossa infraestrutura, essencial à política de desenvolvimento.

O que se vê é o quanto se expõe um ministério de consenso à irrelevância mascarada da estabilidade, quando enfrentamos uma exigência de mudança com prazos históricos irreversíveis.

Nela, se assenta a emergência das esquerdas, tão atingidas pela falta de novas lideranças nas governanças estaduais, dado o personalismo absorvente de Lula. O futuro governo do Vice, nas suas coalizões abrangentes, não só abrigou o cerne da programação petista, como princípios do PSDB, os quais, se não cumpridos, levarão ao pronto desembarque da sigla, frente ao novo regime.

A retomada, hoje, da alternativa aposta na reemergência da figura do ex-presidente no comando dos votos para o próximo pleito. Nem por outra razão, acirra-se o seu processamento penal na Lava Jato, à busca de possível inelegibilidade nas futuras contendas.

Depara-se, entretanto, no provável protagonismo da alternativa, a inexistência de uma geração renovadora, com lideranças manifestas nesta virada temática, à exceção do senador Lindberg, em destaque frente aos responsáveis ostensivos pelo PT.

O governo de Temer vai à busca da dita normalização do país, vivendo, nos últimos meses, do descalabro de um poder imobilizado pela enxurrada de denúncias de corrupção.

A autonomia prometida ao futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, abre a esperança de escapar-se aos consensos, e por um regime de decisões nítidas e, pois, de seus contrapontos, essenciais ao delineio de uma possível nova esquerda no país.

O Dia, 22/05/2016