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Kova’e Oopy

 

O ano de 2019 semeou não pequenas surpresas. Diria ter sido aquela montanha russa do antigo parque de diversões. Mas se tivesse de escolher um só evento, não hesitaria em apontar os caciques como palestrantes na Casa de Machado de Assis. Dei-lhes as boas-vindas em guarani. Pedi que perdoassem meu pobre guarani. Estudei a fonética, um pouco da sintaxe e da semântica. Mas é quase nada, e reconheço a minha ignorância.
No entanto a vontade de conhecer um pouco esse belo idioma nasceu com a leitura da obra-prima do Ayvu Rapyta, cuja obra o padre Bartomeu Meliá insistiu para que não a deixasse de ler, na baía de Asunción, em 1999. E com quanto entusiasmo.

A Unesco declarou 2019 como o ano das línguas indígenas, e a Academia não poderia estar ausente com o seu poder simbólico.

Buscamos todos, cada qual a seu modo, a terra sem males, o yvy mare’y, esse princípio que move o mundo guarani e colaborou para a resiliência de uma cultura fascinante e seu vigilante bilinguismo.

Ernst Bloch, autor de O princípio-esperança, não contemplou a dimensão da terra sem males. Faltou-lhe esse elemento poético e incontornável.

Também procuro essa terra e me sinto ligado ao vosso destino. Sede bem-vindos. Esta Casa também é vossa.

Segue a tradução de meu discurso em guarani, feita por Alberto Alvarez, para que os leitores da Comunità sintam o sabor dessa língua tão bela: 

Pende uvyxa kuery Peju porã Academia Brasileira de Letras py Anhemombo’e mbovy’i pendeayvu re, tein aema ndaikuaa porain ri xeavu avã pendeayvu py, ha’e ramo ajerure, xapy’a vy pendevy kuery pe. Kuaxia pará Ayvu Rapyta amboayvu rupi ma, aendu anhembo’exevea pende ayvu porã re. Bartomeu Meliá ma ijayvu xevy pe 1999 baía de Asunción py amboayvu avã kuaxia pende reko regua aikuaa porã ve avã. Unesco ma declara 2019 petein ma’entya Mbya kuery ayvu re oin avã, ha’e ramo Academia nda’evei oeja oaxa rive avã ayvu porã regua. Petein tein ma jareko, jaekaa avã teko yvy marae’yn re, ha’e va’e aema nhandereko omombarete gue teri teko ‘ete py jaiko avã ha’egui jaiporu avã petein nhe’en porã teri. Ernst Bloch ma, ojapo va’ekue kuaxia O princípio-Esperança ma, nombopara jepei ri ayvu porã yvy Marae’yn regua re. Ha’egui xee avim a aeka ha’e va’e Yvy Marae’yn. Peju porã! Kova’e oopy.

Comunità Italiana, 26/12/2019