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Apoteose tabajara

 

Evitemos ferir suscetibilidades falando em candidatura fake, farsa, palhaçada, carnaval, molecagem, chanchada, em relação ao circo armado para não cumprir a Lei da Ficha Limpa — promulgada por Lula nos tempos em que era presidente, e os anos não trazem mais. O realismo aconselha que não adianta o eleitor se paralisar, perdido numa campanha eleitoral cheia de dúvidas, que acabam por configurar a impressão que o PT quer passar ao mundo: a de que, na melhor das hipóteses, o Brasil vive uma democracia tabajara, quando não a encarnação do Bananão a que se referia Ivan Lessa.

Enquanto tomamos pé no quadro definido pela Justiça Eleitoral, prestemos atenção ao outro lado do pleito em que decidiremos nosso futuro daqui a um mês. Olho vivo nos deputados e senadores que vamos escolher.

Vamos nos informar e debater com os amigos sobre os candidatos ao próximo Congresso. Garimpar escolhas racionais que pareçam dignas. Não dá para esquecer aquele vergonhoso desfile de oradores se sucedendo ao microfone na votação do impeachment da Dilma. Aproveitemos este mês para analisar os pretendentes à Câmara e ao Senado. Deles sairão os eleitos que devem definir a reforma política, a da Previdência, a tributária e outras medidas necessárias ao fim dos privilégios, para começar a dar jeito no que está aí. Compete-lhes conter as decisões irresponsáveis, corporativas e populistas que vêm quebrando o país. Eles é que aprovarão ou não as prioridades corretas para retomar o crescimento, reduzir a desigualdade entre nós e proteger o meio ambiente. Caberá a eles romper as práticas corruptas que nos trouxeram até aqui, e deter a incompetência e o despreparo do Congresso dolorosamente incapaz que temos visto.

Há nomes novos que parecem interessantes. Há alguns experientes que merecem respeito, em diferentes partidos, mesmo com alguma restrição aqui e ali. Precisamos contar com bons deputados e senadores. Somos responsáveis por sua escolha.

Voto leviano constrói a apoteose tabajara.

O Globo, 03/09/2018